Para lá do consumo cultural
André Bonirre
António Guerreiro escreveu no Expresso sobre os consumos culturais (link pagas-para-ler) lamentando-se de que a sociologia empírica que descreve os consumos, não acrescente nada ao que previamente sabíamos. Diz Guerreiro: quando os interrogatórios incidem sobre os "consumos culturais", imediatamente se obtém o inventário dos produtos que as novas tecnologias fazem circular.
E Guerreiro distingue entre o que se consome e a representação disso no consumidor, essa sim, fonte de conhecimento para quem quer conhecer a sociedade. António Guerreiro exemplifica dizendo que é muito diferente ler Sade como filósofo ou como consumidor de pornografia.
A comparação não é muito feliz porque o consumo não é ler Sade mas ler. E, se as coisas se processassem como Guerreiro se queixa, os inquéritos dir-nos-iam apenas a como se lê, isto é, com que plataformas, e não o que se lê, muito menos -ideia um pouco bizarra e totalitária- como se lê.
Eu uso o meu iPad para ler blogues. Aprofundando: uso sobretudo para ler E Deus Criou a Mulher. E para dar algum conhecimento a Guerreiro, teria de dizer aos jovens que presumivelmente virão preencher o inquérito sobre consumos culturais, que o meu prazer, na leitura, é ampliar as imagens, entre polegar e indicador, até ficar com o ecrã preenchido por pontos que vão entre a orquídea e o rosa claro, o salmão e o vermelho indiano. É esta a ideia, António?
Etiquetas: António Guerreiro
3 Comentários:
De mestre.
Vermelho indiano?!
De mestre, repito.
Brilhante e amplificável (de polegar em triste!)
Phónix, Bonirre! Vou-te gamar :)
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