A Natureza do Mal e as eleições: elogio e louvor da esquerda.
No domingo, a direita e o Partido Socialista preparam-se para escrever mais um capítulo do fim da história: a entrega do país à voracidade dos mercados e à irracionalidade da política económica da actual fase do capitalismo. Fim da história, fim da resistência dos explorados, fim da insubmissão dos trabalhadores. Fim do mundo como o conhecemos, também. Um mundo sem árvores e onde os assassinos dos que defendem o ambiente são aplaudidos por um parlamento que os protege legislativamente (Brasília). Um mundo com fanáticos religiosos de um lado e fanáticos da religião do mercado do outro. Segunda feira, as forças da ordem, nas Portas del Sol como no Rossio, hão-de pôr as pedras a brilhar para sossego de Madame Mubarak e da historiadora. Nesse dia, a direita portuguesa, com ou sem os entreguistas do PS, continuará a cumprir o programa económico dos investidores, sem constragimentos. Por um momento brilharão os novos heróis colaboracionistas e haverá um minuto de glória para os Viegas e Nobres, uma cadeira no 2º balcão, antes de serem arrastados por outra gente menor e com menos escrúpulos.
Mas esta campanha tem tido uma coisa boa, que nem o fogo de artifício, os comentadores e as sondagens têm conseguido obscurecer. A esquerda tem tido um comportamento digno, tem-se esforçado com os meios limitados que tem, ao seu dispor, por mostrar aos eleitores o que está em curso: o equivalente de aquilo a que , num dia de lucidez, Soares chamou um grande embuste. A esquerda leu o acordo da troika e exigiu a auditoria pública das dívidas (e disse Não pagamos a dívida dos bancos!). A esquerda exigiu a identificação dos credores- porque o maior dos crimes foi a culpabilização da gente comum pelos propagandistas dos verdadeiros culpados. A esquerda recusou como solução a redução dos níveis de protecção social, educação, investigação, saúde, reconversão ecológica como remédio para a crise. Disse que a renegociação da dívida e das taxas de juro deveria ser feita agora, enquanto há força…
Tenho orgulho dessa esquerda. Agradeço aos que lutam todos os dias. Aos que mantêm levantado o farrapo vermelho. E mesmo que no domingo estivesse sozinho face à urna, haveria de lhe entregar o meu papel. E dizer aos que mandam e aos colaboracionistas: não nos entregaremos nunca.
10 Comentários:
O fanatismo tolda a visão!
A culpa é seguramente do árbitro. ou do sol, ou da relva!
Não publicar os comentários que não são laudatórios é um direito - mas fica mal!
Terá o fanatismo uma base biológica? Haverá alguma análise ou exame que identifique o comportamento? Terá cura?
Abraços!
Mas o fim do mundo como o conhecemos é uma coisa boa, não? Um mundo que nos traz a este momento, que nos empurra para este local, não pode ser (não tem sido) um bom mundo...
Abençoado.
Obrigado, Luís, pelo momento de lucidez do dia.
afinal há esquerda. uma ajuda preciosa para os indecisos como eu.
também continuarei a votar à esquerda, como protesto por todo este circo que nos rodeia, cheio de números manhosos de ilusionismo, contorcionismo, além das palhaçadas do costume.
Luís, foi coisa antiga, mas que me afastou dos comentários, até agora!
A advertência era, agora, profilática!
Aprecio de resto o seu excesso de lucidez! E a coragem de se expor sem pudor(já que as nossas ideias e sentimentos, são o que temos de mais íntimo!).
Os excessos por vezes queimam e às vezes cegam.
É certo que é difícil enxergar claramente nos tempos que correm, mas discordo do seu tom apocalíptico - e citando anauel " O fim do mundo como o conhecemos é uma coisa boa, não?", quanto mais não seja porque era uma fantasia e está na hora de regressar ao mundo real!
Abraços
Magnífico.
Muito obrigada
Como quase sempre um bom texto.
Quanto ao "novo mundo", que certa gente aprecia,daqui por uns meses,
verão como é velho,muito velho mesmo, o mundo por eles esperado...
Só espero sinceramente que "o mundo real",os atinga na algibeira,e que venham a saber, o que é, chegar a casa, e não ter nada para por na mesa.
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