Os dias do fim
Praça dos Grilos, Porto. De Blue, em Blue
Definitivamente: é absolutamente irrelevante a questão das qualificações de José Sócrates. Não sei qual a formação ideal para um chefe de governo, em 2007. São secundárias as motivações do sôr zé manel furnandes ou do expresso. A questão já foi explicada algures e foi mais ou menos assim que o meu mestre ma resumiu: com Sócrates as jotas chegaram ao poder. Os jotas, rapazinhos que hesitaram em inscrever-se na jsd ou na js, estiveram um ano à frente de uma associação de estudantes e no ano seguinte, deixando os estudos para trás, apareceram como assessores do ministro, nº 26 das listas partidárias, qualquer coisa nas águas municipais ou na comissão de coordenação. Aprenderam o que interessa: quem é quem e como se concorre às verbas européias, se criam e desfazem empresas. Agora saltam do tecido empresarial para a política pura. São amigos dos jornalistas que contam. Dão umas dicas, em off. Vestem o avental que estiver a dar. Se perderem estas eleições saberão acatar os desígnios populares. Farão a passagem pelo deserto de uma empresa, ou de um banco, onde a verdadeira paridade é respeitada. A que assegura que um ex jota do psd, ou equiparado, terá sempre ao lado um jota do ps ou equiparado. O que conta, nas equivalências, é esta origem, esta fidelidade primordial.
É por isso com amargura que leio as boas almas ingénuas, verdadeiramente boas e ingénuas- não ironizo nem este sarcasmo me alivia. Continuam a escrever sobre a discriminação relativamente aos licenciados, sobre os maus, os da oposição ou os das opas derrotadas, que estão por detrás de tudo. Negamos a realidade se ela não se conforma com as nossas mais fundas ilusões, assim explica John Gray o olhar benigno com que os intelectuais bem pensantes contemporizaram com as grandes matanças do século XX. Não estamos preparados para um mundo assim. Precisamos de Salazar e de Cunhal, dois príncipes sem mancha. Era bom que Sócrates fosse sei-lá-o-quê, mas seguramente qualquer coisa diferente do amigo de Vara, o aluno do professor das quatro cadeiras que também era consultor da HLC, a empresa da Covilhã que prosperou nos idos do Ambiente. Não acreditamos que este seja o tempo do triunfo dos jotas. Que os dias do triunfo dos jotas sejam os dias do fim.
Etiquetas: Política
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