02 abril 2007

Roberto e Violeta


(Maggie Taylor)


Roberto não conseguiu logo olhar Violeta nos olhos. Nem em sítio nenhum do corpo dela. A raiz dos cabelos, a sombra da face, esse ponto perturbador que os Recém-nascidos olham, foi o mais que ele pôde.
Depois trocaram os telefones e à noite um sms equivoco. Ela andava entediada e foi respondendo. Ao fim de uma hora espantou-se com a velocidade com que a coisa andava. Tomaram café juntos, foram ao cinema. Ele gostou tanto dela que ora não dizia frases completas ora era excessivamente loquaz. Passou os sinais vermelhos, galgou passeios, raspou paredes, meteu mal a terceira. Cometeu, um a um, todos os erros. Falou-lhe da última namorada e do desgosto. Da mãe. Do emprego. Das suas novas responsabilidades. Um dia jantaram. À sobremesa Roberto sentiu-se na obrigação de beijar Violeta. Entusiasmou-se.
Era cedo, deviam conhecer-se melhor. (Violeta)
Era precisamente isso que ele queria, conhecê-la melhor. Na cama adorou-a. Violeta não precisava de tanto espalhafato. Pensava na senhora de baixo, de como a ia encarar nas escadas, a partir de agora. E na degola dos bezerros. Não queria ser amada assim, tanto. Despediu-o como as mulheres despedem os homens que não querem magoar, nem deles receber mais notícias nesta encarnação.

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