O homem vê Amélia
Zang Huan
Amélia tem um rosto perfeito, oval, com as regiões genianas salientes, a testa alta e os lábios grossos.
Há, no entanto, pormenores ainda não resolvidos no rosto dela. Alguns cabelos nas têmporas afunilam a fronte, os olhos afinal não brilham tanto, o sorriso para nos dentes, o rosto não abre para o corpo. E acima de tudo, de forma irritante, ela parece pedir desculpa por não ser a mulher magnífica a que abre a expectativa. Barthes fala do momento em que o amante vê, no ser amado, la petite tâche. Neste caso não há mancha nenhuma. A pele de Amélia parece lisa e elástica. A questão é que ele se apaixonou por um rosto quase perfeito. Começou a oscilar, como um pêndulo, a dúvida de não ser aquele, e de existir, algures, a mulher que Alice anuncia.
Etiquetas: genianas, religião, Roland Barthes.
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