10 julho 2008

O Sumol de laranja


Mert and Marcus



Fiel à minha determinação de não escrever, não serão estas poucas linhas que irão empequenecer o meu esforço. Cinco minutos não desmentem um dia, muitos dias, uma semana. Fumar um cigarro não me transforma num fumador. Nem é bem escrever o que agora faço. O ar entra pela janela da direita e sai pela da esquerda, aqui onde me encontro. O ar circula, como a água, como devia circular o sangue, como circulam as palavras. Pego-lhes com cuidado. Algumas palavras queimam. Pesam. Têm gumes acerados. Menos estas, que uso. Estas palavras são de uso vulgar e registam o que valeu a pena.
Valeu a pena o Sumol de laranja. Não me lembro de mais nada tão excitante, que vibre assim nas mucosas do palato, das fauces, da orofaringe, que preencha tão completamente os receptores da sede e vá arder à distancia, levando pelos nervos esfenopalatinos uma dor boa que não se conforma com a extinção e pede sempre mais.

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