25 novembro 2008

Terça


Richard Sandler


Tudo se repete. A água, a lâmina, a promessa dos cremes, as pessoas que descem a avenida, o cão de cabeça levantada, bom-dia senhor Gerardo, o artista ao volante, as crianças atentas nas cadeirinhas, bom-dia, bom dia. Bate-te nos neurónios em espelho a marcha coleante das professoras do 2º ciclo, os cabelos tão lisos da que foi florista, os miúdos a atravessar o pão da manhã, a menina Cloé, a rapariga da lavandaria, o dedo na fenda, o teu nome oficial assinalando a humilhação diária, a chave na fechadura, os mails da noite, a bata, bom-dia dona Laurinha, bom-dia, não vale a pena arrumar. É terça-feira e o céu claro de Novembro segura a mão do anão suicida.

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