01 março 2009

É isto um socialista


Tracey Moffatt, Adventure serie V

Ouviu o seu nome da boca do líder, levantou-se da cadeira, apertou o botão do casaco. Tinha uma camisa às riscas da Fashion Clinic. Subiu a escada em passo rápido, quase a correr. A mesma música vangelica que os spin doctors do Guterres introduziram nas Assembleias do povo socialista e ficou para durar até que os spin doctors considerem extinto o condicionamento que põe o povo a salivar o contentamento e o orgulho de ser socialista. Subiu ágil as escadas do palco. Abraçou o líder. Um abraço que começou ao nível do foi-porreiro-pá e se demorou ao nível do vai-ser-porreiro pá. A câmara, instruída, focava a Velha Raposa em rictus de comoção comovida . Ele dirigiu-se em passadas elásticas para a Velha Raposa e deu-lhe um segundo abraço. O abraço do afilhado de sangue. Quando cessaram os acordes vangélicos o povo gritou Pê-yes, Pê-yes. Ele repetiu, um pouco constrangido: - Pê-yes, Pê-yes. Mas a coisa não saíu, não rimava. Levantou as mãos pedindo silêncio e leu duas folhas incompreensíveis, mas de esquerda, de esquerda certamente.

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