Alegre e o medo
Boltansky
A tentativa de desvalorização da declaração de Alegre sobre as liberdades é sintomática. Na blogosfera que percorro, quase ninguém aborda o tema sem o cuidado de se demarcar de Alegre e do alegrismo (seja lá isso o que for). Lembra o tempo das conotações que para os que não sabem foi o período entre os cartuxos e as cassetes. Alegre fez o que tinha a fazer. Citou Cesariny a propósito. Citar a propósito é uma virtude, para que os iconoclastas não surjam nas lapelas do poder. Alegre dirige-se para o PS? Pois é precisamente para aí que se deve dirigir. Disse pouco? Disse mais que os outros. Disse o que Martins, Belém, o boquinhas Vitorino, os históricos, o Arons, o Sérgio, o Costa, os cem deputados do PS, as bandeiras vivas da liberdade e os paus de bandeira têm calado.
Há medo. Medo nas repartições, medo nos jornais, medo nas ruas, medo na blogosfera. Alguém disse, justamente, que o programa político de destruição do Estado providência não se faria sem a destruição das liberdades. A criação de um clima intimidatório é necessária às reformas que se seguem: menos saúde, menos segurança social, menos apoio aos desprotegidos, mais empregos a 5 euros a hora, mais empregos de call-center, de semi-escravidão.
Júdice e outros teorizam sobre a extinção da direita partidária e, inacreditávelmente, Rui Tavares faz contas aritméticas para demonstrar a vitória da "esquerda". Mas escondem ou esquecem o que se mete pelos olhos dentro: O PS executa o programa da direita, o PS de Sócrates é a direita, com a máscara inefável da namorada, mas com a frieza, a arrogância, a determinação e a insensibilidade da direita.
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