26 fevereiro 2011

23 fevereiro 2011



Detesto Khadaffi, o exibicionismo, o tom de voz metálico, a crueldade dos lábios. Quando Khadaffi cair não sentirei nada. Nem alegria nem tristeza. O mundo não será melhor nem pior.
O ditador líbio esteve em Lisboa, junto ao Tejo acampado, com uma guarda feminina. Não me lembro de nenhuma manifestação de repúdio. Os portugueses sempre conviveram bem com os resorts da Tunísia e as passeatas do Nilo. Que a Tunísia e o Egipto eram horrendas ditaduras e os povos aspiravam à liberdade era coisa que, pelos vistos, todos sabiam mas não diziam. Acontece-me muito isto, ultimamente. Dar subitamente conta de que as coisas mudaram mas ninguém se espanta.
As multidões árabes estão a varrer os líderes. Arredado das televisões não tenho visto muitas imagens nem percebo bem o que as imagens mostram. Quem dispara contra quem? Quem mata e quem morre? Quem filma? Quem edita?
Uma jornalista foi violada na Praça da liberdade dos egípcios. Os prédios são saqueados. Os ministros de Kaddaffi tiveram uma epifania e juntaram-se aos revoltosos. Os estrangeiros chegam assustados.
Aqui os jovens convocam uma manifestação para 14 de Março. Os jovens são como o Bloco. Querem derrubar o Governo, mas é só daqui a um mês. Querem um mundo novo, mas é daqui a três fins-de-semana.
Um sinal diferente: uma foto de mulheres no Bahrein e um rosto que se levanta. Mas o que pensam elas? O que sabem estas mulheres do mal do mundo? Nenhuma inocência triunfará.

19 fevereiro 2011





02 fevereiro 2011





Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!

José Gomes Ferreira

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