31 março 2009

Vital nos exercícios obrigatórios.1: pino para a ponte



Ele não apenas ofereceu ao partido a pena de polemista, o talento jurídico, a sabedoria de pai da nação, os pergaminhos de homem de esquerda para combater a esquerda irresponsável, como o faz com alegria, entusiasmo e indesmentível vigor. Ele salta para os palcos com um gato perfeito, chamada com os dois pés, apoio à esquerda , elevação simétrica das pernas flectidas, endireitamento rápido do tronco e avança para o pódio já entre aplausos, sacudindo levemente os ombros e as ancas para a pirueta final.

Foi-se o cotão das casas com os chapins, paciência

30 março 2009

Lições aos Jovens

Lição Nº 54
Sumário: Os Bons e os Maus, uma redacção pedaglógica

O Senhor de bigode é Mau. Ponto.
Parágrafo.
O Senhor talvez com um ou talvez sem bigode é Bom. Ponto parágrafo.

Os Encapuçados que fogem dos Bancos são, pois, Bons.
Os que entram e saem e entram na Banca, se a descoberto, são, portanto, Maus.
E muitos são-o ) fecha parêntesis.

O Senhor Pinto é muito instrutivo, eu gosto mais da TV.


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29 março 2009

Redemption for the Pope?

The Vatican felt the heat from an unprecedented amount of international condemnation last week after Pope Benedict XVI made an outrageous and wildly inaccurate statement about HIV/AIDS. On his first visit to Africa, the Pope told journalists that the continent's fight against the disease is a problem that “cannot be overcome by the distribution of condoms: on the contrary, they increase it”.
The Catholic Church's ethical opposition to birth control and support of marital fidelity and abstinence in HIV prevention is well known. But, by saying that condoms exacerbate the problem of HIV/AIDS, the Pope has publicly distorted scientific evidence to promote Catholic doctrine on this issue.
The international community was quick to condemn the comment. The governments of Germany, France, and Belgium released statements criticising the Pope's views. Julio Montaner, president of the International AIDS Society, called the comment “irresponsible and dangerous”. UNAIDS, the UN Population Fund, and WHO released an updated position statement on HIV prevention and condoms, which said that “the male latex condom is the single, most efficient, available technology to reduce the sexual transmission of HIV”. Amidst the fury, even the Vatican tried to alter the pontiff's wording. On the Holy See's website, the Vatican's head of media, Father Federico Lombari, quoted the Pope as having said that there was a “risk that condoms…might increase the problem”.
Whether the Pope's error was due to ignorance or a deliberate attempt to manipulate science to support Catholic ideology is unclear. But the comment still stands and the Vatican's attempts to tweak the Pope's words, further tampering with the truth, is not the way forward. When any influential person, be it a religious or political leader, makes a false scientific statement that could be devastating to the health of millions of people, they should retract or correct the public record. Anything less from Pope Benedict would be an immense disservice to the public and health advocates, including many thousands of Catholics, who work tirelessly to try and prevent the spread of HIV/AIDS worldwide.


The Lancet, Volume 373, Issue 9669, Page 1054, 28 March 2009

A nova noite de Rui Bebiano

Os blogues não acabaram. Um dos pais da blogosfera portuguesa sobreviveu ao facebook e ao twitter e reformulou o seu blogue. A Terceira Noite de Rui Bebiano tem aqui o seu novo endereço.

Os anos 50 nunca existiram



Dois textos interessantes da imprensa do fim-de-semana: o de José Pacheco Pereira sobre um homem na Baixa de Lisboa à procura da crise e o de Clara Ferreira Alves evocando os anos 50.
A evocação de CFA desses anos perdidos da sua primeira infância lembra singularmente um grande texto de Stefan Zweig sobre O Império Austro Húngaro dos anos que precederam a Grande Guerra. Stefan Zweig não quis ver aquele “mundo admiravelmente ordenado segundo a convenção” em que Clara julga ter nascido. Ambos escrevem sobre o tempo mítico da infância, ou seja a partir das memórias de infância ordenadas pelos adultos que eram ou são- no caso de SZ um homem ameaçado pela desordem nazi fascista, no de Clara pelo incómodo da dissolução actual.
Ambos escrevem com nostalgia de um tempo que viveram do lado dos bafejados pela sorte.
Embora eu partilhe algumas das suas falsas memórias literárias, os anos cinquenta de Clara podem da mesma maneira ser descritos como anos de miséria e de ignorância, de medo e solidão, doença e injustiça.
Mas esses anos passaram e não teremos deles senão representações fragmentárias como as destas evocações.( A França , por exemplo, teve uma investigação megalómana dos seus Lugares de Memória, que um comentário de Tony Judt agora publicado numa reunião de textos refere : Tony Judt, O século XX esquecido, ed 70, sobre Les Lieux de Mémoire de Pierre Nora). A actualidade molda a imagem do passado. Refazemos o passado, seleccionamos factos, flashes, à luz dos tempos actuais. E o que são os tempos actuais? A crer no Expresso, um nojo. A última página dedicada a um caso contemporâneo de escravatura sexual, uma página interior sobre um médico pedófilo, o folhetim da nomeação do Provedor da Justiça, reportagens sobre as milícias que disparam pelo mundo cumprindo uma profecia de Umberto Ecco sobre a feudalização pós-mundialização, comentadores como o enfatuado Henrique Raposo, uma espécie de João Carlos Espada ressuscitado, que felizmente nos brinda com uma fotografia para que as nossas suspeitas tenham espessura.
No meio deste fogo de artifício dos Tempos Modernos- a absolvição dos corruptos, os fogos de Março como o efeito inevitável de um tipo de ordenamento do território, a insignificância distante do Presidente e a inimizade ridícula dos líderes dos partidos do centrão- aparecem reliquats do passado, ou que parecem sê-lo. Veja-se o espantoso texto de Jaime Nogueira Pinto sobre Nuno Álvares Pereira. À primeira vista surge como uma incongruência. A evocação de um santo numa linguagem beata, patriótica. Sucede que este santo foi um cabo-de-guerra e tem tudo menos de ingénuo. Ele é, como recentemente revelou, o inspirador, gestor e beneficiário de uma milícia armada ao serviço do Estado moçambicano. Foi o biógrafo oficial de Salazar e a testa de ferro da recente reabilitação do ditador de Santa Comba pelo voto televisivo. A linguagem que utiliza é cuidadosamente escolhida. Citação: “… casara aos 16 anos com D. Leonor de Alvim, uma dama nobre, rica, formosa, viúva e virgem de Entre-Douro e Minho. De D.Leonor teve uma filha sobreviva- D. Beatriz- por quem é antepassado da casa de Bragança e de metade da realeza europeia (…) Nun’Álvares - agora S. Frei Nuno de Santa Maria - esteve com eles, ao seu lado e à sua frente. Como está hoje connosco e com Portugal. “
Está a gozar. Não sei com quem. Mas está a gozar. Esta é a linguagem recomposta do fascismo. Os bons velhos temas, Portugal, o santo combatente,” o rapaz alegre e livre que não tinha medo de nada porque Deus estava com ele”, como uma foto de Leni Riefensthal com música de Wagner. Está a gozar. A escrever isto enquanto bebe uma cuca e com as mãos suadas conta os meticais. O afilhado de Salazar é agora também filho sobrevivo do Santo Condestável, esse ícone dos anos cinquenta. Que Bento XVI lhe dê as oportunidades que merece.

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Não mais mijais no cotão cães, paciência

28 março 2009

Marinho Júdice

José Miguel Júdice tem dois espaços públicos garantidos. Um é o que legitimamente angariou como comentador do centrão, debitando aquelas coisas óbvias que se esperam de um advogado culto que priva com os ministros e empresários ou de um empresário arguto que priva com os advogados e ministros. O outro é o de watchdog do truculento Bastonário da Ordem dos Advogados. De cada vez que Marinho Pinto acha alguma coisa, Júdice vem a terreiro explicar a perigosidade de Marinho. Raramente se ganha profundidade sobre a intervenção do Bastonário. Mas Júdice desqualifica Marinho com surpreendente rapidez. Júdice, que um dia sonhou com a mais alta magistratura da Nação e depois se resignou com o porto de Lisboa é hoje a sombra e o cavalo de Marinho Pinto, o cowboy solitário.

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O maldito cotão enfim decapitado ou os donos das donas de casa não querem que lhes falte nada





(foto-reportagem 18.03.2009)



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27 março 2009

Se fumasse

era para aqui que vinha
se fumasse este canteiro estéril
a menina do Zara home
tão precária como eu
aproveitando a pausa não prevista
no contrato sentava-me ao pé dela
se não fosse tudo ambíguo à porta
dos retails parques
entre as meninas que fumam sentadas
nos canteiros baloiçando as pernas
e olhando o que só elas
vêem no chão de cimento
e os homens anti coagulados
em cuja face alastra
uma mancha de sangue

26 março 2009

Jonas ou a história de um pequeno bravo pinheiro manso

24 março 2009

Nenhum Lugar




O homem regressa da prisão onde cumpriu uma pena justa para um crime que não cometeu. A mulher não o visitou e já não o ama. Tomou banho, penteou-se e deitou-se na cama sacrificial. A mão do homem pousa no pescoço da mulher. Uma mão masculina no pescoço e depois no peito da mulher. Há uma sugestão de violência. A violência triste dos homens que deixaram de ser amados e descobrem um corpo inútil, pesado, ridículo para o corpo interdito da mulher. Talvez ela possa fugir. Talvez ele se enterneça. Mas não há um lugar de refúgio, não há plano de fuga, não há na terra nem no céu sítio para esta mulher.


Uma cena de Três Macacos, de Nuri Bilge Ceylan (Climas, Uzak)

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23 março 2009

Europeus Somos



Começou por agradecer ao presidente da distrital do partido socialista, um nome que por decoro a imprensa de referência elidiu. Depois agradeceu ao que chama, vá lá saber-se porquê, o SG do PS. E ainda agradeceu a um cúmplice político a quem convidou para o seu panegírico. Ao ouvi-lo comoveu-se. É nestes momentos que se comove. Comove-se quando ouve um cúmplice fazer os elogios que encomendou. Depois discursou. Aqui vai o pensamento (cf A Aba da Causa):

Parte 1:
Que não haja enganos a esse respeito
Que também não haja enganos nem dúvidas sobre quem defende o quê a este respeito
Que também não haja equívocos a esse respeito
Não suscita dúvidas nem equívocos


Parte 2:
Não é necessário grande esforço para reconhecer
Basta ver


Epílogo:
Europeus somos, e ademais disso, somos socialistas


Assim, ademais, sejam.

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21 março 2009

Nikalai



-Você é Nikalai?
O sujeito olhava-me do interior de um carro, insistiu , contornou a praceta, estacionou e saiu com uma cruzeta na mão e um fato que talvez me servisse. Mas não sou Nikalai. Não conheço Nikalai. Quando me casei ela levava um bouquet de frésias, arredondado, com frésias brancas, claro , mas de outras cores também, amarelas e lilás e vermelhas matizadas de amarelo. Casámos na Sé, não se usava na época e quando descemos as escadas os estudantes do Oásis gritaram: - fascistas, e nós rimo-nos, felizes. Estou-me a lembrar disto por causa das frésias, mas também porque ela me chamava vários nomes, alguns italianos, que lembravam o meu nome e outros literários, como Stepan Arkadyevitch Oblonsky, Kostia, Oneguine e depois, num passageiro interesse sobre a literatura portuguesa chamou-me Nikalai, o que não era terno. Ela repetia Nikalai! Nikalai! e soava a advertência, fazia-me sentir culpado de um crime ignorado já que eu não tencionava ler nenhum dos livros que a entusiasmavam. Não sei que ano corria, não sou de datas e agora, ao contar esse tempo, receio cometer erros básicos como o de Peter Jackson ao atirar uma maçã com rótulo a Frodo no Senhor dos Anéis ou o do promissor romancista que colocou a personagem a ouvir i Pod em 1998.
Mas não sou Nikalai. O rapaz saiu do carro e não me deu o fato. Continuou , avenida abaixo, à procura de Nikalai. E eu pensei no dia em que ela deixou de me chamar. Nem Kostia, nem Príncipe nem esses nomes italianos engraçados que parecem camisolas interiores brancas e de cavas. Agora não tenho nome. Rego bonsais , como um Fritzl dos áceres e das pimenteiras, com uma varanda das traseiras como cave.

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19 março 2009

COIMBRA_INDUSTRIAL, dia 21 - 21 horas


Artistas rés do chão











Artistas no Sótão








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COIMBRA_INDUSTRIAL, dia 21 - 21 horas

fotografia [15 unidades fabris da região ]













OS SAUDOSOS DA INDÚSTRIA

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