31 outubro 2009

30 outubro 2009

A face oculta da Face Oculta

Todos os anos , antes do Natal, uma Tempestade, um Relampago, uma Face oculta. A PJ mostra que isto é um estado de direito, que os poderosos podem ser investigados. O povo rejubila. Na sociedade do espectáculo, o show da igualdade dos cidadãos perante a lei. Dura um mês. Alimenta umas sociedades de advogados, uns juízes e alguns intermediários. Há um incauto que cai. O Bibi ali, o Faria de Oliveira acolá. Há uns sobrinhos que têm de fazer as malas e uns tios que abandonam a ribalta até uma lua mais favorável. Depois chega o Ano Novo e, no terreno real dos Tribunais, a coisa resolve-se, entre a poeira e os recursos.

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Pai, porque me abandonaste?

- O meu filho sabe o pai que tem- disse o pai Penedos interrogado sobre a eventualidade de ter sido pressionado pelo filho para qualquer ilegalidade.
- O meu filho não tem qualquer relação com a REN- disse o pai Penedos, e disse que era tudo rigor e transparência e que não se vai demitir, ora essa.
Já o BCP, com uma longa cultura de administração rigorosa e transparente, protestou ao ex-Vara o seu apoio.
É assim: na família salve-se-quem-puder, no conselho de administração a solidariedade e a confiança mútua.
Isto está mau, ó Isilda.

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29 outubro 2009

“Gerir é transformar complexidades em resultados. É isso que me compete, não me compete ser um regulador da moralidade ou das percepções”, disse o pre







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De Sócrates a Vara

Um bom regresso, Eduardo.

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28 outubro 2009

Rita Rato


Lisete Model

Como estudioso da psicologia evolucionista compreendo que as opiniões de uma mulher bonita ganhem uma ressonância inesperada. A deputada Rita Rato é uma insignificância que não mereceria mais atenção que João Guilherme Rosa de Oliveira, igualmente eleito por um partido que é a expressão indigente do nosso atraso cultural. Mas como tem uma cara bonita, entrevistam-na. Segundo os teóricos comunistas que surpreendentemente ainda escrevem, perguntam-lhe coisas “ indecentes” como o que pensa ela do Gulag. O teórico comunista Manuel J. Neto, que escreve nos comentários do 5 noites, cita Vítor Dias, para considerar que o problema está no perguntador e não na respondente. Não se pode perguntar a um comunista o que pensa do Gulag, porque isso é “ colocar o gulag ao nível do cozido à portuguesa”, argumentam os teóricos. Manuel J. Neto contrapõe ao “acho que” que os maus jornalistas incentivam, um “ debate sério, estruturado e historicamente rigoroso sobre o acontecimento dos gulags na ex-URSS”.
Aquilo que é importante perguntar a um comunista é precisamente o que pensa do Gulag. Porque só pode ser comunista hoje quem tiver um pensamento informado e estruturado sobre o Gulag. E não colhe a opinião de Vítor Dias, que pergunta o que responderiam os jovens deputados do PS ou do PSD interrogados sobre as matanças de comunistas na Indonésia de Sukarno . Que eu saiba, o PS ou o PSD nunca prometeram a construção de uma sociedade nova nem apontaram a Indonésia como um farol.
Kundera escreveu uma vez que quando um comunista diz que não sabia do Gulag, lhe responde com o exemplo de Édipo ao conhecer o engano da sua vida: fure os olhos e vá para o deserto. Só é aceitável debater com alguém que se reclama do comunismo quando se apresentar com os olhos vazados, como penitência pelo “socialismo real”.
Resumindo: não se deve brincar com coisas sérias. A presença de Rita Rato no Parlamento é uma vergonha. A Rita é linda? Linda é a Candidinha que não concorreu ao parlamento, não se licenciou em ciências políticas mas sabe que nome é que se dá às gajas que chutam para fora quando lhes perguntam pelo Gulag. E já agora, aos teóricos comunistas que querem debates sérios e historicamente rigorosos.

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26 outubro 2009

A vacina da gripe A (H1N1)2009 e os deputados AR (2009-?)

Foram considerados um grupo prioritário e não podia ser de outra maneira. Um coro de protestos democráticos sublinharia qualquer decisão que os excluísse. Alguns aceitaram, como aqueles incontornáveis que têm obrigatoriamente de ser convidados, e não percebem que devem indicar um substituto ou alegar impossibilidades de agenda. Outros prescindiram da honra e humildemente ofereceram a sua dose a um eleitor necessitado.
No sistema democrático português só há cinco deputados necessários. Os outros têm voto obrigatório para o que interessa: programa do governo, moções de censura e aprovação do orçamento. E para o resto têm um voto vigiado, asfixiado ou claustrofóbico, consoante a bancada.
Tinham poupado 224 vacinas e vacinado o Dr. Jaime Gama.

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23 outubro 2009

Maria de Lurdes Rodrigues.

Desejo francamente que a senhora ainda tenha beneficiado da justa prioridade do Pandemrix na coxinha.

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Narrativas fracas

O regozijo de tantas peixeiras- e a decepção de algumas, o sacrifício dos porcos nas febras militantes, o abate de árvores para a propaganda ilegível, 1285 posts do Simplex, dezenas de debates, o gato Fedorento, as filas cidadãs na direcção das urnas. Tudo isto para Santos Silva ser ministro da Defesa.

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22 outubro 2009

Saramago e a ICAR (3)

Portugal é um país civilizado e a ICAR uma instituição que evoluíu. Nenhuma fatwa oficial foi proferida contra o Nobel português. E, exceptuando o Sousa Lara de serviço, as reacções dos fiéis têm sido exemplares.

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Saramago e a ICAR (3)

À tarde na repartição, uma funcionária garantia que as declarações de Saramago faziam parte de uma operação de publicidade. Seria tudo marquetaisingue e advertaisingue. À noite, no telejornal, o padre Stilwell disse o mesmo. O padre Stilell sabe de advertaising.

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Saramago e a ICAR (2)

A polémica Saramago vs ICAR prolonga a nossa silly season. Está confirmado que a formação do governo de Sócrates minoritário, a crise sucessória no PSD, o ocaso político de Cavaco e a pandemia da gripe não seguram audiências. Só isto explica que uma coisa insignificante murmurada em Famalicão tenha chegado ao parlamento de Bruxelas e seja repetida à exaustão nos telejornais.

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Saramago e a ICAR (1)

Não li Caim e conheço mal a Bíblia- tipo Lusíadas. Estou assim habilitado a escrever alguns posts sobre a polémica.

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20 outubro 2009

O triunfo da Baxter

Somos todos iguais mas o governo alemão é mais igual que os outros.

19 outubro 2009

O livro vermelho de Rui Bebiano

18 outubro 2009

i

Eu até ontem lia um jornal chato. Agora leio o i. Gosto desta mundivisão. Um menino ficou debaixo do comboio, foi arrastado 30 metros, e saíu ileso. Lemos o título, vemos os fotogramas e depois voltamos, para ler as letrinhas pequeninas. Mais à frente, outro título informa-nos de que o filho de um jogador de futebol caíu do 7º andar. Estranhamente, lemos isto sem angústia e voltamos a folha, na mesma paz. Confirma-se a benignidade destes desastres: a criança, amparada pelo i, só partiu uma costela, coisa de nada.
Na página três uma sexóloga informa que a vagina das mulheres fica húmida "quando o tempo aquece".
Mais à frente, Cardinali é amigo dos animais, ninguém duvida. No i, o leão branco está feliz pelo cativeiro e por ser exibido às crianças de Évora.
O mundo do i é levezinho, curto, como uma brincadeira de crianças em que morremos e nos levantamos em seguida, ninguém se magoa e a Laurinda Alves faz pendant.

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Os três homens de Bellini


O homem de trás, algures em Siena



Sexo bom, para Bellini, é com três homens. O homem real que ela cavalga, o homem de face indistinta que a acaricia por detrás e o anão suicida, inteiramente entretido com o seu clitóris. Bronx saltita entre os três, ora jazente, ora grave quando lhe acaricia o dorso, ora divertido, quando passa ao mundo pequenino, entre as pernas.

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(Se numa noite de) BLACK SUN

Black Sun - Boialvo + Lisbon Winter Blues

BLACK SUN

BOIALVO | Vídeos do MySpace


"Inspirado pela leitura de Lawrence Durrell no sul de França (Aix-en-Provence) e pelas fotografias do Lee Friedlander,"

Francisco Rúbio

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13 outubro 2009

Catálogo de estilos

"Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objectos, um catálogo de estilos, onde tudo pode ser continuamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis." (Multiplicidade, Seis propostas para o próximo milénio, Italo Calvino)



Sons:
viagem sensações confusas - ronca de nevoeiro
v. carnal - insuficiencia da aorta
v. introspectiva simbolica - spray
v. nostalgico rev. - caranguejo e foguete
v. cinico-brutal - sonar
v. manias obs. - motor
v. logico geom. - contador geiger
v. erotico perv. - melro e tigre
v. telurico prim. - lava
v. apocal. alegorica - tremor terra

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11 outubro 2009

O livro afegão e o fim da inocência



As grandes narrativas do século XX (algumas das quais eram do século XIX) estavam mortas. Bronx sabe. Mas um homem não pode viver sem uma narrativa. Há gente que vive com uma narrativa de antes da Revolução Francesa, e apesar disso se sente moderna. Bellini conhece tão bem a narrativa do Renascimento italiano, que por vezes Bronx se interroga sobre se não será aquela a narrativa de Bellini. Quando perdeu a narrativa da sua adolescência retardada, Bronx prometeu a si mesmo que nunca mais colocaria na parede nenhum Mestre. Mas lentamente uma outra narrativa estava a insinuar-se. Ou como escreveu o último Coetzee, something of quite another order was on cards. E Bronx voltou a acreditar. Estava escrito que pelas mãos dos seus arautos a nova esperança seria torturada, até se confessar uma coisa igual às que se alinham à espera de serem reconhecidas nas escadas para o Palácio da Ajuda. Hoje Alexandra Lucas Coelho apresentou na FNAC o livro afegão- uma chatice que Bronx não tenciona ler- e fê-lo pela mão amiga da coligação medonha: Guterres, a Zézinha e um escritor prolixo.

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10 outubro 2009

"Amanhã devemos todos ir votar, em nome de Portugal e do nosso futuro. Boa noite."

Fotografia: Marisa G.

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09 outubro 2009

Aristóteles e a cortesã


Memmo di Filippucio, Siena (1288-1324)

O título do fresco (Palácio Comunal, Torre Grossa, S. Gimignano) é "Aristóteles e a cortesã Filide" ou Philis. Segundo Bellini ela é Campaspe, a amante iniciática do jovem Alexandre, a tornar-se o Grande, pupilo de Aristóteles. Retratada por Apeles, o maior entre os pintores da Antiguidade, a obra resultou tão perfeita que Alexandre, ao vê-la, trocou a mulher pelo quadro, abrindo assim uma enorme perspectiva à Teoria Geral da Obra Arte e uma vida medíocre à sua amante, de aí em diante entregue a um artista. Quem se viria a apaixonar por ela seria o próprio Aristóteles. A lenda popular do séc XIII mostra o filósofo, um velho, que por amor se deixa humilhar. Dizem que a imagem simboliza o infortúnio do amor. Bronx só consegue ver um homem cavalgado por uma mulher na posição que lhe confere menos possibilidades. Bronx tenta, olhando longamente o fresco, perceber quem foi esse Memmo di Filippucio, setecentos anos atrás, na Siena do bom governo dos Nove. E então, no quarto mal iluminado da Torre Grossa, o chicote abriu um monte de possibilidades narrativas.

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08 outubro 2009

Nobel da Literatura




Boa sorte, Zuckerman.

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07 outubro 2009

O Beato Agostino Novello e o menino caído do berço


Simone Martini


O menino no berço suspenso. O menino enfaixado. Tinha de ser. Grande queda se se solta uma das amarras. O menino está caído e o cabelo cheio de sangue. Não respira nem o coração tem batimentos. Outra vez os gritos e as súplicas das mulheres. Era quase sempre um negócio entre Agostino e as mulheres, feridas pela negligência de deus, em Santa Bárbara, Siena. Desta vez exigia-se um grande milagre- suporte avançado de vida, e um pequeno milagre- steri-strip ou cirurgia sem pontos de sutura. Agostino fez tudo em silêncio, sem largar o livro, sem precisar de materializar as pernas, a partir da pequena nuvem de poeira onde se confundia a sua santidade e o lixo das ruas.

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06 outubro 2009

O Beato Agostino Novello salva uma criança


Simone Martini (1285-1344)




Este Beato era danado. Podia ter feito milagres de estarrecer, que quem faz um milagre fácil faz um difícil. Podia ter colado pernas decepadas, acordado o coração de um morto, apagado as chamas de um incêndio ou parado o rio de lava, que assim se fazia então currículo para a santificação. O Beato simplesmente vagueava pelos bairros populares, vigiando os inocentes. Vinha aos gritos das mulheres, ao som das tábuas partidas, dos degraus que cediam. Foi ele quem iniciou o voo picado sobre a vítima, que o Superman viria a tornar popular sete séculos depois, com aquele desenlace feliz rente ao solo. Diziam que a morte de um filho menino o enlouquecera e que ficara assim, quase nada, a sombra de uma batina, o ruído que faz a brisa a um pano leve. Mas nesses anos do princípio do século XIII, em Santa Bárbara, Siena, os miúdos podiam brincar sem sobressalto.

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02 outubro 2009

SUPERMAN

[fotografia recebida por e-mail]

"as informações que ouvíamos um sobre o outro (...) faziam em nossa afeição mais efeito do que a razão atribui às informações", Montaigne

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