28 fevereiro 2007

Escrevem os Amigos

Sandra Costa
Ser os cabelos secretos de uma mulher muito velha.


Joaquim
Ela estendeu-me a mão, morta, e eu compreendi. E pensei, para a próxima beijo-te.


Pedro Morais
Mais um adeus.


Marmelo
Tinha o cabelo ruivo preso atrás da cabeça, alguns caracóis rebelando-se sobre o rosto, e eu vi que essa mulher ruiva era o que faltava para que a minha bela infelicidade ficasse inteira e perfeita.

Paços de Ferreira

O mundo é o sítio mais triste do mundo.

O Pedro Mexia não conhece a Capital do Móvel.

Vermelhos brancos

27 fevereiro 2007

Debate elevado

Por questões ligadas à urgência cheguei ao prós e contras sobre as urgências eram quase duas da manhã. Foi do cansaço ou os médicos começavam todas as intervenções com uma saudação especial ao Senhor Ministro?

Urgencia

Comer o queijo antes do bolor.

Cheiro a terra molhada

Metamorfose

Não é preciso vir o senhor Marcelino. Fala-vos a experiência dos Correios.

Desilusao

O P2 do P de ontem tinha um artigo que se intitulava: Putas+blogues=novas escritoras. Ainda tive esperança que falasse de mim.

Falsos sinais

Não se meça a bondade de um homem pelo acordar.

26 fevereiro 2007

Depois da chuva

25 fevereiro 2007

Vasco Pulido Valente e o regresso do infante



Vasco Pulido Valente, na sua crónica de hoje (Público), anuncia o regresso de Paulo Portas à política ( de onde nunca saiu). Portas viria “para unir ou dominar a direita”. VPV dá-lhe dois conselhos cosméticos- não tente moralizar e esqueça-se do patriotismo- e depois parece acreditar em três coisas improváveis: que Paulo Portas é capaz de ter um programa para Portugal, que é preciso mais um programa que “desregule, privatize e acabe com o desperdício do centrão” , que talvez isso “nos tire desta vil tristeza”. Não sei se me alegre se entristeça. Se Paulo Portas, o fragateiro empertigado, que transpira falsidade e que, no activo, deu sempre a ideia de querer unir o país das feiras às sacristias, é a esperança da direita, isso devia ser um motivo contentamento para a esquerda que há. Já outra questão é se um motivo de contentamento para a esquerda que há, chega para me alegrar. Já sobre a vil tristeza estamos de acordo. As esperanças de VPV são a sua melhor ilustração.

THE KOLN CONCERT




Em 75 quantos de nós ouviam o concerto de Colónia? E sobretudo quantos de nós o ouviam em Viseu? Meia dúzia se tanto. Conheço-os a todos. Alguns já não ouvem nada. Ou porque morreram asfixiados pelo granito, ou porque ensurdeceram com a vida, ou porque tremem à beira de precipício mais próximo, ou porque deixaram de querer querer o que quer que queiram.
Certo é que estavam ali e circulavam e viam o que eu via e nada disso existiu. Em 75 o mundo era tão distante de si mesmo que pensávamos não ser possível sair na próxima paragem sem empurrar ninguém. Estendíamos camisas de caxemira no fundo do quintal e não falhávamos a homilia do fim do regime. Em 75 tropeçávamos e raramente caímos ou quando o fazíamos só nos daríamos conta disso muitos anos depois. Alguns mais novos jaziam nos cobertores maternos e iriam depois ser os pequenos hitlers das letras e das tretas, alcatifados até á exaustão e ao vómito, até não poderem senão acariciar a franja clara e macia dos filhos que não tiveram, até ao elogio ténue de um olhar oblíquo de criança fora de tempo. Netos de si mesmos, netos do nada, netos da cidade neutra e estéril, netos da lembrança de uma nuvem irritada e passageira, netos dos netos que nunca verão. Em 75 pensávamos que ninguém tinha que pensar mais e tudo escapou como o tempo que não restava para ninguém.

(de Rosaarosa)

23 fevereiro 2007

O povo não é quem mais ordena

Wagamama







Wagamama é, na definição da Wikipedia, uma cadeia de restaurantes servindo comida pan-asiática ao estilo de um moderno noodle bar. A primeira Wagamama abriu em 1992 em Bloomsbury, Londres.

Wagamama serve uma comida de fusão centrada na ramen (sopa de massas de estilo chinês)


O criador de Wagamama é Alan Yau (1962). Nos restaurantes da cadeia não há reservas. Os empregados garatujam os pedidos em hieroglifos na toalha de mesa. Na realidade as ordens são transmitidas através de um sistema sem fios conectado à cozinha.
Os clientes sentam-se lado a lado em mesas corridas com capacidade para vinte pessoas.
Wagamama é uma ideia boa com uma execução soberba, limpa, democrática. Como sucedeu com as primeiras Ikea, as lojas de discos da Tower Records ou megastores da Virgin, as lojas FNAC, a Colette da rue do Faubourg Saint Honoré ou o Dover Street Market, as Muji, as Apple stores, as foodhaus renovadas da Marks & Spencer, o Palais de Tokyo, o Guggenheim de Bilbau, as Holmes Place, ou, no mundo virtual, a Amazon.com, a Netaporter.com, o Ebay ou o Itunes.

22 fevereiro 2007

O espelho e a máscara

21 fevereiro 2007

Fortnum & Mason

Afternoon Blend (para a Mamã)
Queen Anne, o mais forte de todos
- não interessa muito
que em pouco tempo
perdem a forca
e os aromas -
mas o mais forte sim (para a Rosa)

L&D

Children must be accompanied.
So do I.

Hands On

11-11:30 p.m.
through the town


You are invited
to handle genuine people
with the help of our
trained volunteers

EAT.

Eat
at EAT.
Eat SOUP
Eat sushi
Eat soup and sushi
Alguns devem ser bancários
Algumas não.

Canary Wharf

Separada da luz crua do neon
uma luz parece a luz do dia
vinda do alto
de um zimborio que nao ha

Falso

Como a distinção entre uma carteira de origem e a contrafacção, é, em ultima análise, a mulher que a usa, todas as carteiras, e nenhuma mulher, podem ser falsas.

15 fevereiro 2007

No rio Tua



Vou chegar atrasado como sempre.
Dez minutos, dez anos.
Atrasado. Onde é
que me podes procurar?
Deixo mail, número de porta, NIF,
Deixo uma carta
mentirosa.
Deixo-te os livros.

Choveu muito nos últimos anos
E já não chegas à leira
junto ao rio
onde o teu cão
se afogou num ano assim.

Agradece o bolo de ovos
à dona Celeste. E a marmelada.

Desta vez ninguém fala
da perseguição dos Távoras.
Ninguém se espanta,
na ponte, com o sino.

No fundo da ribanceira
É que me deves procurar.

Cavaco quer «soluções equilibradas»

14 fevereiro 2007

Um revisionista feliz




Na infância as mulheres
apertaram-me contra o peito
A minha mãe escrevia poemas
como hoje. O país era amável
se esquecermos um breve período
de ditadura
que aliás serviu para vivermos dias
cheios de heroicidade.

Deus era indulgente
e tratava todos por igual
aquém e além mar

O resto não tem importância

A mulher que amei
abandonou-me
sem lágrimas.Trocámos livros,
dêvêdês e filhos.

O Matos e a dra. Filomena
ainda hoje
asseguram a perenidade
dos Correios sempre iguais
e sempre renovados.

A minha vida é
uma banda desenhada
de Loustal. Tão doce
que nunca sei se sonho.

O resto não tem importância

11 fevereiro 2007

Enrique Vila-Matas na Povoa



http://www.elpais.com/articulo/cataluna/vista/atlantica/elpepuespcat/20070211elpcat_8/Tes

Medis

O dr. Bagão Félix não perdeu. Se o SNS não tiver recursos para permitir o cumprimento da lei, haverá sempre uma parceria público-privado para suprir esta insuficiência.

Todos vencedores mas alguns derrotados

Houve derrotados. Uns assumiram a derrota, manhosos, na esperança de recuperar no Parlamento, nos hospitais, na nova Xis, o que perderam nas urnas. Outros não. Ainda não perceberam. É preciso lembrar-lhes que perderam. Perdeu o delegado do Ministério Público que ordenou a perseguição de mulheres na clínica de Oiã. O polícia que vigiou e deteve mulheres. O médico que lhes abriu as pernas e não teve objecção de consciência para lhes fazer a perícia legal, Laurinda Alves e as outras cruzadistas, Portas, o fragateiro. Perderam os que debaixo do anonimato nos encheram as caixas de correio com a senhora de Fátima a chorar. Descobriram o preservativo, eles que eram contra o preservativo. Propuseram a exposição pública das mulheres, o trabalho cívico das mulheres. Perderam.

O 12 de Fevereiro

Sim. Um país melhor a 12 de Fevereiro. Tenho a maior admiração pelas pessoas que votaram o fim do artigo do Código Penal que punha as mulheres na prisão. Mas também pelas pessoas que aguentaram as homilias de sábado e domingo, mais os outdoors dos fetos falantes, mais a culpa a culpa a culpa, e não votaram. À sua maneira eles permitiram que se respirasse este ar novo. Somos da Europa que vale a pena. A Europa de Erasmo, Diderot, Voltaire chegou a Fataunças. Isto vai.

Finalmente

O mapa do referendo é interessante. Setúbal parece a Holanda do norte. Em Faro já devem ser todos estrangeiros. Braga está no chamado ponto de civilização. Já em Vila Real é sensível o efeito do professor jubilado Eurico de Figueiredo.

Regozijo sem festa publica

O SIM decidiu não fazer nenhum festejo público da vitória e a esta hora o Hotel Altis está vazio. Aplausos. A vitória do Sim representa um grande progresso que não tem sido sublinhado. Os porta vozes, as figuras visíveis do Sim foram pessoas generosas e tolerantes. O objectivo era conseguir a eliminação da chaga social do aborto clandestino. Desapareceu a estridência militante de alguns dos habituais figurantes da cena mediática. Também aqui os ganhos são consideráveis.

SIM

Sim 59,27%
Não 40,73%


(quando faltam ser contadas 4 freguesias)

Medicos pelo Sim

Os jornalistas viram-se agora para os médicos. Os médicos foram até agora co-responsáveis pelo facto da lei existente não ter tido uma aplicação abrangente como acontece em Espanha. Na campanha registou-se um facto novo: o aparecimento dos Médicos pelo Sim. Mas lá estiveram psiquiatras especialistas em processos de luto a tentar capitalizar para a abstenção e para o Não as mulheres com sentimento de culpa. E os do bate o coração. E a investigadora vinda de Inglaterra que descobriu a consciência às dez semanas . O presidente da Ordem dos Médicos foi um activista do Não. Hoje joga a cartada da insuficiência de recursos do SNS. Os Médicos pelo Sim têm de travar um combate pela desmistificação destes argumentos e pela substituição dos seus representantes.

SIM

O SIM ganhou.
Parabéns a todas e a todos. Parabéns aos que ao longo destes anos não baixaram a bandeira da despenalização da IVG. Que combateram pelos direitos humanos, pelos direitos das crianças e das mulheres, pela informação sobre a sexualidade e os meios de controlo da concepção nas escolas, pelas consultas de planeamento familiar nos centros de saúde.
A reacção imediata do Não foi variada. A intervenção do líder do PSD pareceu-me equilibrada: há legitimidade política para alterar a lei no Parlamento de acordo com o resultado do referendo. Na derrota, os truques de Marcelo são infantis. Agarra-se a consensos que ninguém o autorizou a enunciar. As Dras. Margarida Neto e Isilda Pegado parecem ter criado um novo partido político. Não aceitam a derrota. Apoiadas pela hierarquia da Igreja, pela Opus Dei, sem nenhum constrangimento de meios financeiros, tentam agora autovitimizar-se, alegando uma desproporção que a realidade desmentiu.
Os partidários do Não que se entrincheiram atrás dos radicais embriófilos vão tentar obstaculizar a concretização da vontade expressa neste referendo.
A luta continua.

O pais a onze de fevereiro




O sol desponta atrás dos montes. Ninguém vê televisão. A mulher do primo Horacio toma um cafezinho com o cliente. Nós escrevemos nos blogs. Os miúdos atravessam a ponte nova em correria. Um poeta deixou escrito que tudo isto não é nada na saca do mundo, não é senão um pó que nem se palpa na peneira do mundo. De cada vez que ela escreve alegram-se as praias.O Bonirre fotografa incansavelmente. A Rosa vem das termas como nova. Os fiéis desconfiam da sabedoria dos padres nestes assuntos. A miúda foi encontrada a tempo. Do bolor é que se extrai a medicina. Ainda vou a tempo de apanhar aquelas flores brancas e amarelas que se chamam lírios. E junquilhos.


(Pipilotti Rist)

O pais a onze de fevereiro



Chove nos vales do interior. A televisão dá missa, programas que ninguém vê. As crianças estão entregues ao Panda. O jornal Público está à beira da remodelação. Anuncia os novos responsáveis. Uns são casados com dois filhos, outros vivem em união de facto. O Benfica foi eliminado pelo Varzim. Enrique Vila-Matas desapareceu na Póvoa. O primo Horácio anda nos ralis. A mulher trata dos negócios. A juventude dorme, ociosa. O Mega está entre o Berardo e a parede. O Fernando Assis Pacheco fazia setenta anos. O Esteves já não tem tabuleta, as mansardas custam os olhos da cara e as filhas das lavadeiras estiveram a noite toda a beber água e a speedarem-se. Comícios só nas igrejas. A Maria de Jesus tem 110 anos. O primo Horacio tem um Ferrari e uma limusine a apodrecer. O amor da Alexandra Lencastre é discreto. A miúda tomou os comprimidos. O bolor cresce no queijo e no foie-gras. O Marcelo há-de estar logo a comentar. A Ana Paula Inácio não se sabe se escreve, dois poemas por ano e só a mortas de vulto. A jornalista, como hei-de dizer, vulgarizou-se. O primo Horácio não tem nada em seu nome. Eu não tenho uma prenda para te dar, uma prenda para te dar.

(Jeff Wall)

10 fevereiro 2007

Fernando Assis Pacheco



Como tem sido anunciado (crónicas de Pedro Mexia e Jacinto Lucas Pires no DN, p.ex.), intervenção de Osvaldo Silvestre no interessante Escaparate que o TAGV apresenta agora mensalmente, foi reeditada A Musa Irregular de Francisco Assis Pacheco. A primeira edição foi da Hiena, em 1991, numa colecção que se chamava Ideias e Atitudes. Houve uma segunda edição da ASA e a actual insere-se na Obra Completa que Abel Barros Baptista tem vindo a dirigir para a Assírio . A Musa Irregular é uma colecção de poemas com selecção do próprio Assis Pacheco segundo critérios que ele explicita numa Nota de encerramento. Reune poemas de Cuidar dos Vivos, pequenas edições ou plaquetes que o poeta oferecia aos amigos, e um "lote de salvados".

Fica o poema 9 de Memórias do Contencioso

não pude amar mais nada
não pude amar mais ninguém
e mesmo que te minta
é o contrário disso

e mesmo que te minta
é a verdade seca
posta ali ás avessas;
não pude amar mais claro

O'Neill, a biografia



O livro da semana é a biografia literária de Alexandre O'Neill, de Maria Antónia Oliveira, como o Eduardo Pitta refere (http://daliteratura.blogspot.com/2007/02/biografia.html).
Para ler de um fôlego. Embora eu salte a história da Nora Mitrani. Ainda não estou preparado.

Mil Folhas



Com a anunciada remodelação do jornal Público parece que o Mil Folhas desaparece, pelo menos na versão actual. Era o único suplemento literário de um jornal diário, ou semanal. Uma espécie de primo português do Babelia. Habituei-me a quase todos os cronistas, ao grafismo, ao formato. Sou um leitor fiel e os meus sábados nunca mais serão iguais (não acompanhei a antecipação do suplemento e continuei a lê-lo no fim-de-semana). Isto é também um blog de agradecimentos. Obrigado à Isabel Coutinho. Espero encontrá-la noutras paisagens

09 fevereiro 2007

Desenganem-se os oportunistas

«É pois nas exactas balizas desta "declaração de interesses" que deve ser lido o meu SIM à pergunta do referendo do próximo domingo. Longe de ser um não fanático, fundamentalista ou religioso, o meu SIM é antes a única resposta lógica e racional que consigo dar. Não sei quando começa a vida e não aceito que uma mulher que aborta em condições dramáticas seja tratada como criminosa. Não aceito que o termo voluntário de uma gravidez indesejada seja tratado com a mesma censura do que o homicídio ou o estupro. Custa-me que uma mulher que decide abortar o tenha de fazer sem apoio médico qualificado e em condições de higiene que põem em perigo a sua vida e sua integridade.
Mas – desenganem-se os oportunistas – também estas são boas razões para votar SIM, pelo menos neste domingo.»

(Copiado de um blog da confuNão. Três pequenas alteraSins)

08 fevereiro 2007

Dia_12

07 fevereiro 2007

Proposta

Aos do Não

Especialmente aos compassivos que votam Não

mas querem,

logo no dia seguinte,

apresentar legislação que despenalize a IVG.


Ao dr Castro Caldas, À Dra Matilde, à dra Carneiro, ao Dr Marques Mendes et al.



Eu voto sim exactamente pelas vossas razões. Acho inapropriado criminalizar as mulheres que, naquelas circunstâncias, não querem ser mães.

Mas concordo com os vossos Padres e Psiquiatras: alguma culpa deve existir. Alguma culpa deve ser expiada. Algo deve persistir no Código Penal como dissuasor do Dr. Aguiar Branco.

Assim declaro que logo no dia seguinte à vitória do SIM, apresentarei nos lugares competentes, propostas de legislação que punam até três anos de cadeia os presuntos responsáveis dos factos em causa. As mulheres indicarão À Comissão de Acompanhamento o nome do indivíduo que participou com os gâmetas masculinos e, apurada a verdade, aplicar-se-lhe-á a pena constante do artigo 140 do Código Penal que passará a ter a seguinte redacção:
O responsável pela gravidez da mulher que der consentimento ao aborto ou se fizer abortar é punido com a pena de prisão até três anos.

Dia_10

Rectificaçao

Li no Público o relato de uma conferência de imprensa em que cientistas apoiantes do Não proferiam várias opiniões sobre as capacidades fetais algumas baseadas nos trabalhos de Jerónima Teixeira, participante nos Prós e Contras da véspera. Interrogados sobre a fonte das suas informações referiram a revista Lancet. No período entre janeiro de 1996 e a actualidade não encontrei nenhum trabalho publicado. Utilizando as palavras de busca Fetal Pain o resultado foi iguamente nulo.
Agradeço os comentários de todos e as indicações bibliográficas de António, Gasel,Farpas, Mafalda Martins, Jacinto Bettencourt e outros. Agradeço a correcção do João Sedas Nunes no blog do Sim. (http://sim-referendo.blogspot.com/2007/02/gente-at-quer-ler-mas-assim-difcil.html)
Em 1999, no British Journal of Obstetric and Gynelogical, Teixeira J assina uma interessante revisão sobre o embrião e a dor. Logo na introdução escreve: "Nós não sabemos quando a consciência começa no feto".
E nas conclusões: "O sistema físico para a nocipeção está presente e funciona pelas 26 semanas e parece provável que o feto sinta dor nesse estádio".
Aqui fica a rectificação.
A propósito deste tema refira-se que numa revisão sistemática da evidência sobre a dor fetal publicada no JAMA (2005;294:947-954) a conclusão é de que a percepção fetal de dor é improvável antes do terceiro trimestre.

06 fevereiro 2007

Dia_11

Help

A investigadora que o Não levou ontem aos Prós e Contras declarou, segundo O Público de hoje, que as suas investigações sobre a dor no feto tinham sido publicadas na Lancet.

De 1995 até à data a Lancet, todas as revistas do grupo Lancet (The Lancet, Lancet Neurology, Lancet Oncology e Lancet Infectious Diseases) desconhecem o nome de Jerónima Teixeira, a tal investigadora. O resultado da pesquisa com as palavras Pain e Fetus conduz ao mesmo resultado. Talvez o Prof. Manuel Antunes tenha a bondade de fornecer a referência exacta.

Pros e Contras

A moderadora era sectária mas não controlava as câmaras. De cada vez que surgia um grande plano da Marta Rebelo via-se de que lado estava a razão.

05 fevereiro 2007

Emagrecem


À hora do almoço, entre o meio-dia
e a uma. Desde o princípio do ano
que estão à minha frente. Amam-se
e só têm esta hora para os dois. Preocupo-me
por vários motivos. Gosto deles. Quando penso
em 2007 é neles que penso. Imagino
que se conheceram agora e que o amor
deles não pode ser contado. Não sei
de que se alimenta um amor assim. Passa-se
este filme no café Some in Bahia
e eles emagrecem.


(Loustal)

Penalizadas por lei


Foto: m.a., Penalizadas por lei... (tirado daqui)

04 fevereiro 2007

O professor Marcelo derrotado na RTP Um

A habitual charla de Marcelo na RTP Um teve hoje uma novidade. O pivot falava, era uma pessoa pensante. As agências de marketing que coordenam a campanha do Não tinham programado para esta fase da campanha uma manobra de captação dos indecisos: a recuperação da proposta misericordiosa . Fica tuda na mesma mas os magnânimos vencedores comprometem-se a não aplicar a lei. As mulheres serão alvo de censura pública, reeducação, trabalho cívico, ajuda de caminhada, consoante a versão. O estratega Marcelo ia todo lampeiro para o reforço da estratégia quando lhe saíu ao caminho um pivot pensante. Maria Flor Pedroso. O professor não gostou. Descontrolou-se. Interrompeu. Falou por cima. Tentou calar. Evitou a confrontação. E finalmente derivou para um atalho de partidarização, tentando a despropósito colar o Sim a interesses do PS.
O ponto máximo do descontrolo marcelista foi quando o Professor declarou que ainda estava à frente do Gato Fedorento.
O Sim está muito forte. O professor Marcelo perdeu na RTP Um e vai perder no próximo domingo. Quem não quer mulheres presas vai votar Sim.

A solidão de furnandes

No Público de hoje, Mário Mesquita anuncia o fim da sua colaboração regular no jornal do sôr zé manel furnandes. Segundo Mário Mesquita, o director do jornal manifestou-lhe dúvidas sobre a compatibilidade entre o cargo de membro do executivo da Fundação Luso- Americana e colunista do Público. Uma preocupação cheia de fundamentos. O neo con furnandes, o que viu Abril em Bagdad à chegada dos tanques americanos, o que se pôs de babete quando os conselheiros de Bush agora caídos em desgraça desenhavam uma nova carta do mundo, deve estar cheio de duvidas metódicas na vésperas da remodelação gráfica do jornal.
Mário Mesquita parte do jornal do sôr zé manel fernandes. Os que apreciam a sua reflexão informada, a sua capacidade em relacionar factos, os seus conhecimentos de jornalismo, o seu pensamento não dogmático, sentem-se mais pobres. É a hora de lhe agradecer os oito anos de crónicas semanais e desejar ao neo con arrependido que fique muito bem, enfeitado pelos novos designers.

Bed Head



Uma noite, em Manchester, saí com uma estrela de rock and roll. Tinha o cabelo assim um castanho arruivado que ficava ruivo na sombra do club e arremetia nas direcções improváveis de uma modelagem headbanger. Antes, ao jantar, parecia haver entre nós um desacordo primordial quanto ao ponto da carne, à própria carne, à rúcula, ao vinagre. Depois, no club, confirmei que ela não lera Walser nem Musil, detestava Lodge e chamava à adoração de Sebald, “uma sebaldaria”. Foi neste ponto da discordância literária que o meu interesse, digamos sensorial, por ela, se acendeu.

02 fevereiro 2007

Jardins do Braçal