29 junho 2011

O choque liberal. Nada de nada à espera dos interesses especulativos na saúde.



O programa do governo para a saúde é quase nulo.
Não enfrenta os principais problemas e enuncia meia dúzia de medidas vagas. O principal problema da saúde em Portugal é a ausência de uma cabeça pensante no SNS.
Os gastos impossíveis com medicamentos, meios complementares de diagnóstico e vencimentos médicos não serão enfrentados. O primeiro tem raízesnum modelo civilizacional: depois dos 40 anos, entregues ao genoma e ao epigenoma, os seres humanos são medicados com um anti hipertensor, uma estatina, um sedativo, um anti depressivo, um anti agregante e um medicamento para a memória. Os estudantes tomam remédios para a atenção. Os desportistas para aumentar a massa muscular. Os febris para a febre. Os que têm de estudar para não dormir e os insones para o sono. As companhias farmacêuticas confiam nos médicos (postos de prescrição) e nos farmacêuticos (postos de venda).
A multiplicidade dos MCDTs faz-se, em geral, com prejuízo da escuta e observação do doente e do exercício da medicina clínica como uma arte e uma ciência.
Os investimentos privados em MCDT são largamente subsidiados pelo Estado e prosperam graças ao consumo imoderado e sem indicação e à subutilização dos recursos instalados no sector público.
Nos hospitais do Estado está instalado um sector que vive de privilégio, e atemoriza os gestores com a capacidade real que tem de paralisar o funcionamento dos serviços.
O programa do governo mostra que o governo não tem programa para o sector. Mas há quem tenha. O BES e os Mellos, a Médis, o Campos e os seus alunos e sócios. Eles farão chegar ao Ministério e às ARS as suas propostas, convenientemente embaladas.

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28 junho 2011

A SURPRESA DOS INSTANTES ~ fotografia e performance ~ inauguração sábado



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23 junho 2011

Quem tramou Rui Tavares



Não conheço Rui Tavares de lado nenhum. Assisti a uma sessão literária em que ele era o convidado, li o Pequeno Livro sobre o Grande Terramoto e, quando posso, compro o jornal no dia em que é publicada a sua crónica.
Acho que é uma boa pessoa. Sabe história, o que é sempre uma vantagem. Tem opiniões pessoais que se esforça por justificar. E, até agora, não lhe conhecia “agenda politica” oculta. Ao escrever estas linhas dou-me conta de que dificilmente sou capaz de encontrar uma pessoa com intervenção continuada na vida pública dos últimos anos com que tenha um acordo tão frequente e tão profundo (Talvez o Rui Bebiano, embora, infelizmente A Terceira Noite não tenha o impacto e a divulgação que merece). Quando votei no BE nas eleições europeias votei também no Rui Tavares, por causa do Rui Tavares, contente por o Bloco integrar uma voz como a dele.
Muitos dos meus amigos, como constatei nestes dias, sentem, a este respeito, o mesmo que eu. A perda do Rui Tavares enfraquece o BE.
A questão de se ter conhecimentos de história não é menor. Eu consigo, sem dificuldades, falar de trivialidades com qualquer pessoa. Mas se se trata de acções politicas custa-me não ter a certeza de que os meus interlocutores têm uns rudimentos da história do século XX. A minha mãe viveu, estes últimos meses, com uma senhora brasileira que estava a fazer um mestrado de Economia. De entusiasmos fáceis rapidamente a considerou sua amiga. Mas um dia estava triste:
- Calcula que a Jocelina não sabe nada da história do Brasil- desabafou.
Eu tenho o mesmo problema com esta gente que incendeia os comentários dos blogs fashion. Sabem o que foi a Yersinia pestis? Que Modesta Proposta fez Swift aos ricos ? Que progresso trouxe a guilhotina? Onde fica Kolima?
Não tenho a certeza. Sabem decerto coisas bem mais importantes, mais úteis e decisivas que estas dúvidas que trago comigo. Coisas que ainda não souberam, não puderam ou não lhes foi possível comunicar. E a sobrecarga de passado pode tornar difícil o presente e ser mesmo um estorvo ao radioso futuro.
Não interessa. O Rui Tavares conhece o passado e , à sua maneira, tem sabido falar do presente. Eu gosto dele, votei nele, sinto-me representado por ele e desejo-lhe lucidez para não se deixar beliscar por esta gente toda, dos comentadores a Vital Moreira, fazendo zum-zum à volta da cabeça.
Tenho com ele um acordo mais profundo e fundamental. Daquelas coisas que acontecem e não têm que ver com episódios ou querelas. Aconteceu-me com a minha secretária-geral, que durante anos nos deu a linha, ao Bonirre e a mim e que segui com enlevo até ao dia em que me expulsou por motivos fúteis.
Eu não julgo RT, nem me interessa o seu grupo parlamentar.

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22 junho 2011

A Paisagem de Waddington [sábado, dia 25, 22:00]



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21 junho 2011

Uma Mulher do Mal: Ana Paula Inácio




AVERNO 039
Ana Paula Inácio, 2010-2011, 48 pp. 10 euros
(Tiragem Única de 300 exemplares)
Capa de Luís Henriques.
Paginação e arranjo gráfico de Inês Mateus

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OUTRO PAÍS O MESMO


Quem tenha aberto ontem a televisão percebe que já vive em outro país.
O Mário Crespo está agora reverencial. Entrevista Relvas, justificadamente eufórico. E no final ambos constatam que 4 dos ex-comentadores de Crespo são agora ministros do governo da direita. Mais tarde vi, sempre na SIC-Notícias, um debate politico económico onde se registava um esmagador consenso em torno das escolhas governamentais e das difíceis tarefas que os espera, do que se espera do PS e do povo em geral. Na 2, a pivot Felgueiras entrevistou J. César das Neves e um economista do FCP, com quem aliás, simpatizo.
O mesmo discurso. Finalmente o discurso único.
Ana Paula Inácio, num poema recente, escreve:

...E não me deixes cair no pecado
da ideologia
para que não leve com o proletariado nas trombas.


Não parece haver perigo disso. Como António Guerreiro escreveu no Expresso, a ideologia única produtivista, do crescimento sem sustentação,conformada com o capitalismo financeiro, triunfa em quase todas as praças (ah, mas não esqueçam as ruas de Espanha e as ruas da Grécia). E o que vamos ter é isto. Os comentadores no poder com alguns independentes úteis, jovens-jovens (“temos que lhes dar muito apoio politico”), “sem compromissos com lobbies”, imbuídos de “espírito de missão”, que falam a linguagem de Bruxelas, amigos da troika. Os comentadores que não entraram para o governo espreitam a oportunidade (o governo é uma work in progress, que se vai estender aos assessores e aos representantes loco-regionais).
A poderosa máquina propagandística de Sócrates, que foi o tema principal da campanha de Manuela Ferreira Leite e a obsessão privada de Pacheco Pereira, esboroou-se numa semana.

Belmiro, Toni, Costa e a troika: a mesma luta



Na Avenida que vai do Marquês ao Rossio fez o Belmiro uma acção de propaganda que acabou no Terreiro do Paço.
Foi um momento delicioso. Vimos António Costa a falar entre couves enquanto nas margens ondulava a bandeira vermelha do Continente. As televisões públicas fizeram directos intermináveis e, no final, Toni Carreira encheu o Terreiro do Paço, enquanto os fãs levantavam cartazes artesanais criativos.
Esta manifestação foi fundamental. Ressalto apenas dois pontos: a felicidade do povo é possível através da cooperação entre os eleitos municipais socialistas e o capital monopolista da distribuição; a ocupação do espaço público fez-se em torno de um homem que simboliza a internacionalização de um modo de estar português, a síntese possível entre os valores do Interior e o cosmopolitismo. O fim de semana da capital, simétrico ao das cidades espanholas, mostra que a direita, depois de conquistar o poder, encheu as ruas e com a ajuda dos santos populares há-de resolver o paradoxo entre a perda de independência nacional e a persistência do patriotismo.

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17 junho 2011

Unipoppers



A Natureza do Mal está a seguir o Unipoppers

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16 junho 2011

Jamais a ordem como quem ordena [sábado, dia 18, 22:00]



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15 junho 2011

Ouve o não dela





Em França, compreensivelmente, a questão do assédio ocupa as páginas dos principais jornais. Os franceses e as francesas acordaram para o tema. Os jornalistas organizam dossiers onde, em regra, se pede legislação mais penalizante para o assédio sexual, sobretudo nas empresas.
O tom é inflamado, auto-punitivo e ingénuo. No Libération uma rapariga contava que se tinha queixado ao patrão porque “há 4 meses que não paravam de lhe olhar para as nádegas”. O patrão tinha-lhe dito que ela se devia sentir orgulhosa pelo facto. O destaque dado pelo jornal mostra que o comentário do patrão devia ser criminalizado, ou os olhares dos colegas da queixosa, ou ambos, ou todos. O facto mais interessante, o que é que aconteceu há 4 meses, não era explicado.
O tom do correspondente do Expresso em Paris, era semelhante. Com tanta unaminidade virtuosa custa a crer que o assédio sexual seja um problema, entre os gauleses.
Felizmente há quem, em Portugal, ponha o dedo certeiro no coração do assédio (ou lá no centro que o comanda). Assédio é quando um não ouve o não do outro, dizem as galdérias.
E felizmente, embora isto geralmente não tenha piada, elas sabem dizê-lo.


SLUTwalk Lisboa - 25 de Junho, 17h30
Caminhando desde o Largo de Camões (17.30h) até ao Rossio

MANIFESTO
Slutwalk* Lisboa - pela auto-determinação sexual em todas as circunstâncias

*SLUT, galdéria, desavergonhada, puta, descarada, vadia, badalhoca, fácil


Em Janeiro de 2011 um polícia afirmou em Toronto que as mulheres devem evitar vestir-se de forma provocante se não quiserem ser violadas. A SLUTwalk Lisboa junta-se à vaga de indignação que esta afirmação causou um pouco por todo o mundo.

Recusamos totalmente a culpabilização das mulheres face a situações de violência sexual. Mude-se as leis, mude-se quem agride. Mude-se a cultura patriarcal que diz às mulheres para não serem violadas, em vez de dizer aos homens para não violarem.

Mude-se a moral dominante, onde SLUTs são todas as mulheres que não se limitam à sexualidade heterossexual, monogâmica e reprodutora.

Se SLUT - galdéria, desavergonhada, puta, descarada, vadia, badalhoca, fácil - é uma mulher que decide sobre o seu corpo, sobre a sua sexualidade, e que procura prazer, então, somos SLUTs, sim!

Não queremos piropos sexistas, não queremos paternalismo, não queremos violência sexual. Dizemos não, por mais cidadania. Dizemos não, por mais democracia. Dizemos não, por mais liberdade.


Se ponho um decote... Não é Não!

Se pus aquelas calças de que tanto gostas... Não é Não!

Se uso burqa... Não é Não!

Se durmo com quem me apetece... Não é Não!

Se passo naquela rua... Não é Não!

Se vamos para os copos... Não é Não!

Se me sinto vulnerável... Não é Não!

Se sou deficiente... Não é Não!

Se saio com xs maiores galdérixs...Não é Não!

Se ontem dormi contigo... Não é Não!

Se sou trabalhadora sexual... Não é Não!

Se és meu chefe... Não é Não!

Se somos casadxs, companheirxs, namoradxs... Não é Não!

Se sou tua paciente... Não é Não!

Se sou tua parente... Não é Não!

Se tenho relações poliamorosas... Não é Não!

Se sou empregada de hotel... Não é Não!

Se tens dúvidas se aquilo foi um sim, então... Não é Não!

Se não entendes a língua que eu falo... Não é Não!

Se beijo outra mulher no meio da rua... Não é Não!

Se tenho mamas e pila... Não é Não!

Se disse sim e já não me apetece... Não é Não!

Se adoro ver pornografia... Não é Não!

Se ando à boleia... Não é Não!

Se estamos numa festa swing, numa sex party ou numa cena BDSM... Não é Não!

Se já abrimos o preservativo... Não é Não!



NÃO é sempre NÃO. Quando é SIM, não há ambiguidades ou dúvidas porque sabemos o que queremos e sabemos ser claras.

13 junho 2011

Dá um toque à Mariana Koefner




Conheço muitas pessoas que não gostam do Facebook. - Não sei para que serve.- dizem, com desdém. Insinuam que serve para “o engate”. Geralmente respondo que, se for essa a ideia, é uma boa ideia. Uma ideia assustadora, mas uma boa ideia. Há tempos tive de falar com um rapaz de 11 ½ anos, que preocupava a família. Os rapazes de 11 ½ são hoje, vinte anos depois, o equivalente do Adrian Mole quando tinha 13 ½. Este tinha revelado um conjunto de pequenos desajustamentos sociais que foram desvalorizados, até que se percebeu que uma má nota a Português fora devida a não ter respondido à alínea de composição, cotada em 6 vals. Mais precisamente, ele respondera. O tema era: “Qual foi a melhor coisa que te aconteceu nas férias?” E ele escreveu:- Não me lembro. A professora alarmou-se e chamou a família, que tinha tentado organizar umas excitantes férias juvenis. Acharam que tinha chegado a hora do rapaz falar com alguém que percebesse se havia algo de errado. Falámos então, durante algum tempo. Geralmente, em contextos formais, não tenho dificuldade em falar com os rapazes. As raparigas são , em regra, mais inteligentes e sofisticadas. Os rapazes são tímidos e broncos numa primeira abordagem. Mas depois, sobretudo aos 11 ½, são o género humano no que ele tem de melhor- uma mistura bruta de sentimentos confusos, uma possibilidade de êxito. Falamos de raparigas. É um tema que me é vedado, dado trabalhar e viver entre mulheres. Os rapazes de 11 ½ sabem tanto de raparigas como eu. Entendemo-nos. Podíamos falar do drama do universo ser finito ou infinito, de ser a crença na igualdade que separa a esquerda da direita, do gato de Shroendinger. Falamos de mulheres, ou de raparigas, que são os seres mais parecidos com as mulheres. É o tipo de assunto em que, apesar da diferença de idades e estatutos, rapidamente nos revelamos ignorantes e especialistas. Este rapaz começou por não se mostrar muito entusiasmado. –Ó , as raparigas! - julgo que foi o que exclamou. Como quem diz”Ó, a física quântica” ou “Ó , o Sporting”. Mas depois animou-se. Disse-me que havia na turma um rapaz particularmente atrevido com as raparigas, capaz de , nas palavras dele, lhes pedir o telefone nos primeiros contactos.- E tu, não gostava de ser capaz?- interrompi-o. Ele sorriu, primeiro para dentro e depois para fora, fez uma pausa e depois disse-me, como se tivesse percebido naquele preciso momento: - O problema é se elas me davam.

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O homem de Henrique



É fim-de-semana, compro alguma imprensa para tentar perceber o que se passou na pátria de Camões. A leitura do Expresso é reveladora de como, em pouco tempo, as coisas mudaram. O primeiro caderno do jornal inclui um conjunto de páginas dedicadas à trans-modernidade. A propósito de um concurso patrocinado por um banco, os dois principais jornalistas do Expresso (Ricardo Costa e Henrique Monteiro) fazem-se fotografar repetidas vezes, com accionistas, sponsors e cândidos concorrentes. Várias fotografias, estilo kimilsungiano /novíssima gente . Também no Expresso fotos significativas do inner circle de PPC, que recomendaria às e aos que se comovem com a residência massamiana, bem como a Eduardo Cintra Torres que foi implacável na denúncia da encenação meticulosa da comunicação de Sócrates: na hora da decisão, ao lado do futuro primeiro ministro de Portugal estavam 1) Miguel Relvas,2) Marco António e 3)um tal Artur Mendes. Artur Mendes? A legenda explica que é um funcionário da agencia de imagem Elec3city.
Sempre no Expresso, a filiação de PPC: Ilídio Pinho, um self made man, nas empresas de quem Passos debutou, logo como administrador executivo, pela mão de Ângelo Correia, que sempre reconhecemos como um Pai da Pátria e agora nos irmana a todos com o novo primeiro-ministro.
Mas o pesadelo absoluto, em termos jornalísticos, é a coluna de Henrique Monteiro . Depois de várias considerações arrojadas que ilustram a sua independência e juventude de espírito diz o ex-director (3 fotos no tal suplemento Millenium): “Amigos comuns dizem-me que Passos surpreenderá positivamente. Se assim for, Portugal tem homem.”
Portugal tem homem e felizmente Henrique tem, em comum com o homem, amigos que lhe dizem.
Esteve quase a ter mulher. O povo eleitor nem sempre vota com a sageza do passado domingo e não quis que Portugal tivesse mulher. Felizmente Cavaco não dorme e Sampaio deixara algumas comendas para reparar a injustiça.

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08 junho 2011



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07 junho 2011



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06 junho 2011



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03 junho 2011



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01 junho 2011

Ronda e Chantelle, de Graham Miller: o que eu queria mesmo dizer.


Rhonda e Chantelle, Graham Miller

A esquerda e as eleições


Dr. Gica, pescada nº5

Este post, que foi amavelmente publicado nas páginas da Joana e da Elisabeth, mereceu comentários que agradeço (a todos e especialmente ao Joaquim ) e aí podem ser lidos.
É bom ter comentários não laudatórios. O tom deste post é demasiado reactivo.
Os estados maiores dos partidos montam, a propósito das eleições, um circo mediático esmagador. Como os partidos do poder dominam os meios de comunicação, os seus argumentos são repetidos até à exaustão. O conjunto dessa argumentação tem uma estrutura coerente e é aquilo a que poderíamos chamar de ideologia dominante do momento. Essa ideologia esconde-se a si própria e apresenta-se quase sempre como uma evidência desencarnada, a-histórica, para lá dos “conceitos ultrapassados de direita-esquerda”.

Os seus aspectos fundamentais são:
1. O fatalismo.
O sistema económico não é posto em causa. As crises são inelutáveis, castigos de deus, como as pestes medievais ou o pecado original.
2. A amnésia histórica.
Não há culpados. A desigualdade social, a exploração e a corrupção são esquecidas. Espantosamente, a crise é vista, e as suas saídas, “do ponto de vista dos credores” , para usar a expressão tão feliz de José Medeiros Ferreira
3. A assunção da impotência das multidões.
O FMI, a EU, o BCE são entidades divinas, existiram sempre, uma espécie de Sacro Império em que a senhora Merckel fosse Carlos Magno. A única atitude possível para com as suas decisões é a conformação passiva.
4. Uma democracia menor
A democracia encarada como um sistema fechado, em que a participação popular se esgota em eleições formais, administradas por partidos geridos por profissionais irresponsáveis, desligados da realidade e mais preocupados em agradar e gerir as suas clientelas do que com o interesse geral.

Esta é a ideologia espontânea, segregada pela esmagadora maioria dos políticos, jornalistas, comentadores e bloguistas.
Por vezes tento ignorá-la. Olho para a natureza, interesso-me pela ciência, pelas bicicletas que passam,uma página de Julian Barnes (Não há que ter medo) e, ao contrário do que sucedia ao Álvaro de Campos, caio nas armadilhas do cérebro humano e o universo parece reconstruir-se com ideal e esperança.
Outras vezes é demais. Tanto PSD já tão impante, tanto Sócrates, tanta Câncio, tanta pomba assassinada, tanta gente conformada, tanto banqueiro anónimo, tanta agência de rating, tanto conselheiro de estrado. Um homem não é de ferro.



PS: As fotografias deste blog, quando não têm autoria declarada, são de André Bonirre ou minhas (as piores).
Esta é do Dr. Gica, dos pescadas nº5.
O Dr. Gica não partilha as minhas posições políticas. A miuda da bicicleta também não, tal como sucede com as que ocasionalmente aqui surgem. Bendita seja a sua existência e, se tal for possível, que nos perdoem o desrespeito leviano pelo direito de imagem.

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