31 julho 2010





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30 julho 2010





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29 julho 2010





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28 julho 2010

Arrumando os livros (2)




Incomunicante
na estante nova
o corpo de Coetzee.

O corpo seco do afrikaner.


O homem da bicicleta dos direitos dos animais
vegetariano
Coetzee Costello
Coetzee Raskalnikov
pelas ruas em chamas de S. Petersburgo

O que foi duas vezes Booker Prize
e em 92 entrou no Clube dos Nobel
Corpo sem pátria
Rapaz afrikaner jovem em Inglaterra
residência recusada nos Estado Unidos
Por duas vezes
estrangeiro no seu país
Emigrante na Austrália
Um homem que passou pelo nosso tempo
Escreveu romances ensaios deu aulas
E no final
como disseram dele
Nos banquetes de escritores
não disse nem uma palavra

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27 julho 2010

Pretty woman, yeah yeah yeah





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26 julho 2010

Arrumando os livros (1)


foto do arquivo website de Enrique Vila-Matas

Arrumo os meus velhos livros em estantes novas. E dou aos meus escritores o relevo que merecem. De alguns tenho só um exemplar. Às vezes envelheceu, mirrou, livro múmia, ou amareleceu como um velho na esplanada. Outras vezes é uma urna de cinzas à espera de serem espalhadas: a Súmula de Herberto Hélder ou o Toldo Vermelho de J.M. Magalhães. Ainda não encontrei Le Grand Meaulnes, livro único. Mas sei que, como o autor, não envelheceu e continua a ser o livro que se deve ler no fim da adolescência. Falta-lhe a página 17 que rasguei para dar à G., que era a minha namorada pouco romântica. Se ela guardasse essa página podíamos restaurar o livro, mas o amor perdeu-se, entre a folha rasgada e o livro incompleto.
Vejo o corpo esquartejado de Jorge de Sena, alinhado tal como o conheci. Primeiro O Físico Prodigioso depois as Novas Andanças do Demónio e a seguir as Andanças à mistura com a Poesia, onde brilha, com a data de 1969, o Peregrinatio ad loca infecta . Em 1969 Sena tinha 50 anos e havia de morrer oito anos depois, de desespero, desilusão e casmurrice, características que anunciam a morte e a tornam um secreto alívio para os familiares e conviventes.
Vejo agora o corpo de António Franco Alexandre, desde os folhetos insignificantes das Iniciativas Editoriais e da Centelha até à surpresa de Quatro Caprichos, que revisita a deriva da contemporaneidade e à sumptuosidade perfeita de Uma Fábula, Duende e Aracne.E o corpo magrito de Manuel de Freitas e amigos, ainda com muitas tascas para visitar, muita música para ouvir, muitos anos de morte à sua frente. E o corpo gordinho de Ana Luísa Amaral, agora confundido com a sombra de Emily Dickinson.
O corpo de Borges, estendido e de bengala, uma prateleira inteira de livros dos homens que leram para Borges, saíram com ele, cruzaram Borges numa rua de Buenos Aires, editaram o primeiro volume do Aleph. O corpo de Borges não repousa no livrinho de Maria Kodama mas no gigantesco calhau de 1600 páginas que Adolfo Bioy Casares escreveu, como um diário, ao longo dos anos que durou a amizade entre os dois.
Vejo o corpo de Hélder Moura Pereira, encapado na edição da sua Antologia De novo as sombras e as calmas, na Frenesi e depois com a dignidade da Assírio. Abro e leio

Essas linhas já não tinham, por assim dizer,
lógica nenhuma. E eu, tonto, lá ia.


Vila-Matas ocupa um compartimento. Entre a Anagrama, a Assírio e a Teorema dezoito volumes. Nada mau para um escritor que queria desaparecer. E nada portátil.
Os excelentes tradutores portugueses de Vila-Matas são José Agostinho Baptista e Jorge Fallorca, dois pequenos corpos sem arrumo possível, mas que não ficam bem ao lado Vila-Matas. Os corpos que, na minha biblioteca, se dão com o corpo brilhante de Vila-Matas são o corpo de Sebald, de Duras, de Sérgio Pitol, de Walser. (continua)

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Play It Again Lyrics





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25 julho 2010

It's a good day To run away Freedom is a scary thing Not many people really want it



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24 julho 2010

I'll dream That some day, though maybe not this year My Hudson and my country will run clear



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23 julho 2010

Zebras Crossing The Street



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22 julho 2010

QUEM É QUE "sempre pauta a sua actuação, de modo impostergável, de acordo com os ditames da boa fé, das boas práticas e da lei”?


Resposta: é quem "sempre pugnou, e continuará a pugnar, pela intransigente observância dos mais elevados padrões de integridade, diligência, lealdade e transparência”.

(aqui)

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Cenas pós coloniais


The Sartorialist



Na quinta feira à noite
estava a emancipação da mulher quase concluída
quando esta cena se passou:
a miúda entrou no Burger Tim
o mesmo onde os pais se tinham conhecido
bebeu dois shots à custa do consumo mínimo
devo confessar
e foi quando o rapaz que andava com a amiga
foi mesmo assim
se aproximou dela por detrás
tipo cabrão filho da puta
e lhe apalpou o rabo segregando ao ouvido
não quero acreditar

vou-te comer

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Contra os extremismos


Acho mal que bandarilhem o Senhor Paulo Portas.

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I guess I'll smoke my last stuck wonderin what I should do



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21 julho 2010

And when you go Things slow back down To the crawl That drags me around



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20 julho 2010



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19 julho 2010

Io sono l' amore






O começo é fascinante.
Uma narração segura. Uma casa que se vai conhecendo, uma ordem que se desenha, três gerações e o charme discreto da burguesia. Dizem que teve e é forçoso que em algum lugar deva ter tido.
Depois há pequenas falhas que comprometem irremediavelmente este filme apesar de tudo invulgar.
Tilda Swinton parece uma montra da Prada. Tenho pena de chocar alguma alma frágil: quando o cozinheiro a abana, na cabana do amor, chocalham as etiquetas. O que fica pelo chão não são quatro peças de roupa elegante, são oito salários mínimos dos europeus na época da decadência do Estado social. O que fica nas mãos do cozinheiro bulímico não é o corpo magnífico de uma mulher de meia idade. É um absurdo documentário do National Geographic ou do canal Odisseia sobre a vida dos insectos. Despropositado como elipse ou como metáfora, demorado até ser quase penoso. David Lynch tinha usado o estratagema em Velvet. Mas o que aí era o insecto de Blake, ou a maldade que a lente macro revela, a crueldade dos micromundos, é aqui decorativismo sem sentido.
O filme já resvalara sem remissão na cena em que Tilda Swinton se apaixona pelo cozinheiro molecular. Uma mulher que se apaixona por um prato de gambas só pode ter sido muito mal amada, educada nas berças estalinistas ou a mulher-esposa sequestrada de um industrial têxtil.
E por aí adiante. Estereótipos sem profundidade: o filho generoso e amigo dos operários, a filha lésbica, a governanta fiel, o cozinheiro que parece saído de uma revisitação de Pasolini , como o anjo proletário de Teorema, que desta feita vem anunciar a queda da família italiana às mãos da coligação entre o inimigo interno (o já demasiado falado aspirante a chef-de-cuisine) e o externo ( o financeiro indiano).
O filme é habilidoso. O início deslumbrante, a Villa Necchi Campiglio , a marcação cuidada das cenas, a alta costura, o embrulho cultural e a caução de Tilda Swinton enganam as raparigas românticas.

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Romeo Rodriguez squares his shoulders and curses Jesus, runs a comb through his black pony-tail




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18 julho 2010

Saddam said he hadda bomb! Bush said he better bomb!




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17 julho 2010

He's five foot-two, and he's six feet-four, He fights with missiles and with spears. Been a soldier for a thousand years.




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16 julho 2010

He lives in a house with a swimming pool and says the job is killing him.





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15 julho 2010

O beijo de Casillas



Há uns anos, uma plebeia foi fazer a reportagem de um desastre ecológico nas costas da Galiza e saiu de lá princesa. Depois disso perdeu o nariz e algum do encanto que todo o ser humano sempre conserva. Mas o sinal estava dado. Os jornalistas quebraram definitivamente os códigos de neutralidade. Ao mesmo tempo mudava a relação do leitor/espectador com a realidade. No Parque temático do Mundo contemporâneo o hipertexto conduz sempre à identificação com um herói / heroína. Não se vai à Africa do Sul mas à terra de Mandela, não se ouve Bach mas o seu melhor intérprete, não se é do Benfica mas da equipa de Jorge Jesus e voltaremos ao governo com Pedro Passos Coelho, como atesta eufórico o grupo do Facebook para o qual um amigo próximo e desconhecido me convoca.
O beijo de Casillas, o portero madrileno da equipa campeã do Mundo, sela esta mudança. O campeonato do mundo de futebol é uma coisa longínqua? As regras do futebol não são simples? O sistema de apuramento complexo? Não importa. Basta reter um facto: atrás do guarda-redes está uma jornalista. Atrás da jornalista está uma mulher. E no final, para todos nós, felizes visitantes do Parque temático Mundo, a jornalista entrevista o herói e é levada pelos seus braços fortes, como a mocinha de Superhomem pelos ares da metrópole capitalista. O beijo de Casillas é a senha para a nossa entrada, damnés de la Terre, no Parque temático Mundo.

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Slow down, you move too fast. You got to make the morning last.





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14 julho 2010

After weeks and weeks of hanging around I finally got a job in New York town





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13 julho 2010

Anas e Marias pouco


Louise Fago Ruskin



Beatriz, muitas
Tiago
Afonso também
Rodrigo mais que tudo
Luanas e Laras

João sempre.

Anas e Marias pouco.

António, Fernando, Pedro,
por acaso Daniela também não.

Pedro Miguel sou eu
nem sei porquê.


Pequeno relatório dos nomes mais frequentes de crianças nascidas em 2009/2010 observadas num Serviço de Urgência hospitalar da região Centro. Segundo Pedro Miguel.

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I got a hundred guns, a hundred clips, Nigga I'm from New York





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A mulher. As pedras


Lala Meredith Vula

Alguns meios de comunicação relataram o drama de Sakineh Ashtiani, uma iraniana que, acusada de adultério, incorre na pena de lapidação.
O jornal El País explicava em que consiste a pena, descrita em vários artigos do Código Penal Iraniano. Dispenso-me de transcrever essa barbaridade medieval embora pense que os iluminados relativistas de esquerda e de direita os deviam ter como leitura obrigatória e castigo da distracção estival. Seja como for: a lapidação é uma forma abjecta de tortura e morte e a penalização do adultério das mulheres uma marca do atraso das sociedades em que o islamismo é religião oficial. A vigilância da sexualidade das mulheres e o seu sequestro doméstico é uma das facetas da negação dos direitos das mulheres pelo Islão contemporâneo. A demissão dos políticos e dos intelectuais dos países islâmicos deste combate civilizacional e o medo ou o silêncio cúmplice dos ocidentais são dois aspectos da mesma questão, que assombra os nossos dias. Neste momento uma mulher cujo nome conhecemos e outras, anónimas, podem ser “enterrada(s) até acima dos seios” (art 102) e apedrejadas “com pedras que não podem tão grandes que matem ao primeiro golpe, nem tão pequenas que não possam ser chamadas de pedras” (art 104).

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12 julho 2010

And find I'm king of the hill




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Um navio dentro da cidade: H

Neste país de doença, a realidade só existia nos livros. Livros estranhos que ninguém parecia ter lido. Um deles, dos primeiros que li, chamava-se Um navio dentro da cidade. Desapareceu, como quase tudo desse tempo. Mas ia jurar que era um desses livros incríveis que José Cardoso Pires e Victor Palla editaram numa colecção a que chamaram os Livros das Três Abelhas.

(neste blog, a 27 de junho)


LJ

Também não consegui encontrar o meu; devo-o ter emprestado.
Reencontrei-o em Copenhague, há uns anos.
Um abraço

H (sent by//mail, 10 de julho)

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11 julho 2010

I'm coming now, I'm coming to reward them




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10 julho 2010

For trying to change the system from within




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09 julho 2010

They sentenced me to twenty years of boredom




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08 julho 2010

Como é que estás sorrindo nas fotos?




in Derrotas Domésticas, Marilar Aleixandre (lido aqui)

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07 julho 2010

Cacau, Germany



Hoje sou da Espanha, desse rapaz que guarda as redes e é como o dragão de S. Jorge quando resfolega. Hoje sou da Alemanha a equipa de meninos audaciosos e do treinador Armani. Sou do Xavi Alonso, do Xabi e do Iniesta a trocarem a bola entre as linhas adversárias. Sou do Bilha, el guaje, encostado à esquerda e com os dois pés apontado à baliza. Sou das crónicas do Molina no Babelia e do Javier Marias quando o descobri. Sou do país que acolheu Valdano, o sudaca. Sou dos cais de Hamburgo, da Floresta Negra, de Bremen, cidade livre do Norte da Alemanha. Sou do Cesc Fàbregas, nome de perfumes. Sou dos rapazes da Tunísia, da Turquia, do Brasil e do Gana que jogam sob o estandarte germânico e na hora patriótica fingem cantar o hino. Sou da Margarete Buber-Neumann, essa que foi prisioneira de Hitler e Stalin. Sou do Botho Strauss e do Siegfried Lenz, do Benedikt Taschen e do Manfred Eicher . Sou do Villa e do Vila-Matas, por supuesto.

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First we take Manhattan



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06 julho 2010

Qui a deux femmes perd son âme, qui a deux maisons perd sa raison



(*) proverbe de la province de Champagne

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05 julho 2010

Ozil traz os olhos de Peter Lorre


Lotte Jacobi
Peter Lorre, 1930
© The Lotte Jacobi Archives, University of New Hampshire


A Alemanha tem um jogador com os olhos melancólicos de Peter Lorre. Quem viu o Falcão de Malta, ou Casablanca, percebe o que eu quero dizer. O rapaz chama-se Mesut Ozil. É fantástico. Como Lukas Podolsky, Lahm, Thomas Muller, Sami Kahdira ou Neuer, o guarda-redes com cara de bebé. Mas ninguém faz diagonais como ele, coloca a bola no espaço vazio para onde um colega se desmarca, remata inesperadamente. Em 1933, um actor judeu de 29 anos teve de fugir da Alemanha. Hoje os seus olhos brilham nos estádios . Boa sorte, Mesut Ozil.

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