Sonho Mau
eras tu de sanbenito
em procissão do Pátio
à Praça Velha
condenado por
usar preservativo
e não teres pirado
para Marselha*
(*Ou para os Países Baixos.)
Diálogo com Zazie sobre a acção da WoW em Portugal pode ser lido mais abaixo, nos comments do post Desculpa Rebecca.
J.J.Millás publica diariamente uma pequena crónica no El Pais que toma como inspiração uma fotografia de actualidade. Na de ontem chama ao Padrinho " o filme do pai da Sophia Coppola" e a secretária de Estado de Bush é Condolencia Arroz.
A Rebecca e às outras mulheres a bordo do barco da Women on Waves devo um pedido de desculpas. Na Polónia tiveram à espera um grupo de gente recrutada nos patíbulos da História: aquela mistura explosiva de Contra Reforma, expectadores do guetto de Varsóvia e beneficiários da acumulação capitalista na versão mafiosa post-socialismo real. Em Portugal o equivalente luso de que tanto nos orgulhamos/ exultamos/ etc está no poder: o pessoal da Santa Inquisição, os que entregaram os republicanos espanhóis às praças de touros de badajoz e os afiliados da Mocidade Portuguesa (como dizia ontem no Babelia o António Lobo Antunes). É normal que proibam a vossa entrada. Pelo que tenho visto e ouvido (ah, mas eu quase não vejo nem ouço) o noticiário tem sido sereno, e gostei de ler o José Miguel Júdice a dizer que se tratava do legítimo direito de manifestação por uma alteração legislativa. Quando há quem queira incendiar este debate e fazer regressar a Idade Média e as suas tropas de choque este tom parece-me o mais correcto.
Voltaras e até Prosciuto di Parma fatiado te enviara.
Talvez seja de considerar a hipótese de, afinal, isto não correr tudo bem.
Insonhe
Eu oferecia-te uma flor e um poema e tu olhavas para mim como se eu fosse o prato principal nas cantinas.
Depois de republicado aqui, Talking in bed mereceu a atenção de alguns de nós (agradecimentros especiais à Sandra Costa do Tempo Dual e ao Rui Amaral do Quartzo). Juntamos agora algumas versões. Penso que estamos de acordo que melhor é mesmo o original. Já o cantamos de cor (já agora com os Radiohead que eram grandes apreciadores. Ver a propósito este site em francês ).
Vi o teu braço e uma borboleta que nele poisara, quis falar-te, aproximei-me, tremeste e a borboleta caiu. Era um pedaço de papel amarrotado que eu confundi para não destoar de ti.
Como já devem ter reparado ela vestiu temporariamente o seu blog de vinil amarelo. Há tempos que ela ameaçava com uma espada como esta. Eu concordo com todas as suas decisões e como prova de apreço permanecerei simbolicamente com o pescoço no cepo durante todo o tempo que durar a sua raiva.
Leia no Quartzo uma versão em português de Talking in bed do Larkin.
Susan Sontag, no prefácio a Rua de Sentido Único descreve Walter Benjamim como um caminhante infatigável. O caminhante que quer transportar coisas consigo tem de miniaturizar. Benjamim aspirava a escrever cem linhas numa pequena folha de papel, ambição que como se sabe Robert Walser realizou nos microgramas. Há um antropólogo em Strasbourg chamado Franck Michel que criou uma associação de longas caminhadas e teoriza sobre a sua importância na descoberta da nossa humanidade. A associação dá pelo nome de Déroutes & Détours (ver em www.deroutes.com e no número de Agosto do Monde diplo).
O amor, essa treta, é uma invenção da fêmea humana do Pleistocénico para assegurar a assiduidade do macho aos deveres de alimento e protecção.