Caminhando ao longo das ruas do 10 ème, com a Porta de Saint Martin por fundo, ou no espaço que vai do cemitério de Montparnasse aos Jardins do Luxemburgo, ou trágica no Boulevard Saint Michel, a face de judeu palestiniano com a camisola bretã ou a roupa Agnès B, Louis Garrel é agora a face de Paris, Cidade Amável, onde uma nova geração escreve uma história que avança com canções. Há uma morte inesperada que desliza, à porta de um clube, e ele soluça em silêncio, enquanto, na frequência da polícia, ouvimos o código que a anuncia, delta charlie delta. Há uma mulher, Clotilde Hesme, que quis ser a ponte entre o amor deles, o lugar onde se pudessem abraçar. Há os rapazes bretões, de nomes impossíveis. Há os velhos da geração anterior, os pais soixante-huitards, que tal como no filme de Julie Delpy são retratados como dementes, alcoolizados e irresponsáveis, e os de uma idade intermédia, a de Chiara Mastroianni, todos tentando perceber, ainda e sempre tentando perceber. Não há nada para perceber na Paris de Louis Garrel. Os céus de Paris, a Porta de Saint Martin, o génio da Praça da Bastilha, os Jardim do Luxemburgo já viram tudo. É só mais um minuto e depois nada.
O filme
Les Chansons d’amour é uma iluminação. Redime-nos do cinema americano, das salas vazias da Lusomundo e das pipocas. Dá-nos a força e a ligeireza para os nossos dias. Eu não estou disposto sequer para a contabilidade das estrelas, o pequeno poder dos críticos-que-não-gostam-de-cinema. Só queria agradecer, fixar os nomes de Christophe Honoré, Alex Beaupain, Ludivine Sagnier, e claro de Clotilde Hesme e Chiara Mastroianni e inscrever definitivamente o nome de Louis Garrel como o de um rapaz do Mal.
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