Pippa Lee
Vem isto a propósito do filme de Rebecca Miller que leva o nome de Vidas Privadas de Pippa Lee. Uma jóia da cultura novaiorquina chic, com Pippa, uma mulher da tormenta, entre três gerações, sobrevivente de si própria, mas refém do nadador-salvador. Vi este filme mergulhado numa sensação complexa: de estranheza, divertido assombro. Quando havia católicos de esquerda eu admirava-lhes uma expressão facial que era asssim: como se estivessem a agradecer a deus uma graça que não chegaremos a conhecer. É esta a minha cara quando vejo Robin . E também Blake Lively. E já agora Rebecca Miller. Nunca vi a minha cara nessas ocasiões. Mas se as caras traduzem estados de alma a minha devia dizer: divertimento, beatitude, tranquilidade, surpresa e agradecimento. Pelo facto de haver mulheres como estas, tão desprovidas do pensamento maquiavélico dos símios, tão recolectoras, tão excitantes, tão lindas. Mulheres que são como a música de Mozart, a pintura de Piero della Francesca, a fotografia de Lisette Model e a escrita do melhor Coetzee. Levando, como mostra a fRMN, sangue para várias partes do nosso cérebro, acendendo neurotransmissores que nos fazem sentir bons, fortes na nossa fraqueza, cúmplices daquela leveza. Com elas mundo será sempre um lugar quente e colorido, uma estrada que vai para o faroeste, para Salta, norte da Argentina.
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