Dois comentadores com "um fraquinho" pelo Sócrates
Quase todos os canais têm painéis de comentadores políticos. Ontem na sic notícias vi um par imbatível. Betencourt Resendes e Luís Delgado. Não sei o que aconteceu a Delgado. Parece um tio convalescente. Conheci-o quando era a fonte, o oráculo e o confidente do Lopes, na fase ascendente do Lopes. Lopes era o delfim de Barroso, ainda Barroso era Durão e Delgado era uma ponta avançada da Direita que tinha retomado o poder e em breve iria endireitar o pais. Alguns anos depois Delgado é um falcão reformado, asa derrubada e pontos de vista de centro. Aliás neste país, se exceptuarmos Medina Carreira e Isilda Pegado, toda a gente tem pontos de vista do centro. Centro-direita claro, como diz Delgado. Ontem Delgado explicou, para os que como eu têm estado desatentos ao aggiornamento dos comentadores políticos, que “tem um fraquinho por Sócrates”. Disse isto em tom benigno, como uma tia de Cascais que falasse duma velha amiga. “Um fraquinho”. Uma coisa sem chama nem futuro. Sem passado nem ambição. Só “um fraquinho”. Uma discreta inclinação. Um lampejo quando o vê passar e depois o esquecimento. Delgado explicou porquê. Segundo ele, Sócrates “fez muitas reformas de centro-direita que a Direita nunca teve coragem de fazer”.
Qual foi a mensagem que aqueles dois comentadores ontem trouxeram: 1. Não há nenhum risco para a liberdade de imprensa; 2. Todos os governos, desde a Grécia clássica, tentaram controlar os directores de jornais; 3. A Comissão Parlamentar é uma vergonha e os depoimentos dos convocados não esclarecem nada.
Até aqui é a cartilha. Quando é que vem a novidade? Sócrates, no entender deste par, talvez tenha mentido ao Parlamento quando respondeu a um parlamentar e declarou que não sabia nada do negocio através do qual a PT tentava comprar a TVI. Mas se mentiu foi uma mentira menor. Mentiu porque não lhe veio mais nada à cabeça senão aquela mentira . Mentiu como podia ter dito a verdade.
- Já ouviu falar da PT ? E ele, em dia sobrecarregado: - Não.
Mas era um não-sim. Um não-sei lá. Um não me chateiem que isto não interessa nada.
A pivot, ela também com ar de convalescente, não disse nada. Mas há alguma coisa a dizer?
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