Ir ao cinema na terra onde vivo é (quase só) optar entre as salas da Lusomundo e as salas da Lusomundo, entre as pipocas e as pipocas. Telefonamos:
- Queres ir ver o filme do Wong Kar-Wai?
- Não é o Sortilégio do Amor?
- Acho que é a Maratona do Amor.
- Olha que me parece mais ser O Sabor do Amor.
- Preferia ver A Comédia dos Acusados.
Acabamos nos Foragidos da Noite.
Em Portugal os títulos dos filmes são dados pelos distribuidores. Recrutam gente imaginativa que tem uma ideia, certamente adequada e baseada em estudos de opinião, dos frequentadores das salas e compradores de DVDs. Alguns dos filmes actualmente em exibição dão uma ideia do imaginário desses funcionários anónimos e do seu respeito pelos autores e pelos cinéfilos:
Run Fatboy Run (A Maratona do Amor),
My Blueberry Nights (O Sabor do Amor),
Two Rode Together ( Terra Bruta),
Blood Alley (Aldeia em Fuga),
Night and the City (Foragidos da Noite),
Kiss of Death (O Denunciante),
After the Thin Man (A Comédia dos Acusados),
Pick-Up on South Street (Mãos Perigosas),
Bell Book and Candle (Sortilégio do Amor),
No Way Out (Falsa Acusação),
Last of Comanches (O Sabre e a Flecha),
La Graine e le Mulet (O Segredo de um Cuscuz),
Reservation Road (Traídos pelo Destino).
Um dos meus amigos optimistas via sempre alguma coisa de positivo nas piores contrariedades. Sempre ficamos a saber que segredo em francês se diz graine, e cuscuz é mulet. Já os vários nomes do amor nos confundem.
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