Perdido
André Bonirre
>Cientista português criou verme que bateu recorde de longevidade, era o título da notícia, com link para a Science. Os vermes dão pelo nome de Caenorabditis elegans ,e, pela foto anexa, parecem lombrigas. O nosso cientista pô-los a viver mais de 500 anos (em vidas humanas). Nunca mais morrem. Passa-se a experiência em San Francisco, Califórnia, USA. Como a bolsa do investigador luso acabou e as lombrigas elegantes continuavam juvenis uma tal Jennifer Berman, que não entrava na história, teve que ficar a tomar conta da experiência, diz a jornalista que relata esta descoberta. Mas como é que o nosso cientista logrou este feito? Removeu o aparelho reprodutor dos vermes enquanto eram larvas, elucida-nos a notícia.
A vida


Todos os dias coleccionava glórias sobre os homens de palha derrotados. Construía inimigos horrendos, sempre os mesmos. Pequenos bonecos de cartão que alinhava como um formidável exército. Não tinha paciência para pormenores. Eram todos réplicas de um maior inimigo que nunca nomearia. Toscos, inacabados. Criaturas feitas para serem vencidas. Envenena-se o demiurgo no seu emunctório.
No pavilhão (o de Hannover- que não foi feito para o nosso outono tão severo) o Arquitecto apresenta uma visão do atravessamento da Cidade Futura por um viário a haver. O arco teleférico sobre o Botânico, a estação suspensa sobre o rio, a Frente Ribeirinha. Os visionários, os profetas, os neo-crédulos____ todos querem fazer perguntas ao Munícipe. Fazia-se uma boa fogueira, ali na vargem. Mas o acentuado arrefecimento nocturno tinha gelado qualquer coisa____ e não eram só as mãos que lhe tremiam.
Selected Stories
Festa do Cinema Francês
Choveu todo o dia. Vem aí o inverno. Oh meu deus! já me tinha esquecido: as mulheres abrem as arcas onde guardam aqueles panos horríveis com que vão tapar a pele, a dádiva distraída que vertem nas nossas mãos toscas de escultores. Restam-nos as disciplinas severas do inverno e a memória dos dias de alegria.
No banco corrido da associação de amigos do bestança ou na capadócia ou no banco em frente, confusão, mostras-me os odres e o odreiro.
Até daqui a pouco, no vale do Bestança para o passeio de Outono. André, não vens? Nem tu, Loura? Alda, nunca mais?
de Georg Büchner, encenação de Paulo Castro com Vera Mantero, Jo Stone, Paulo Castro, João Samões.
Não, não são novos desenvolvimentos do Flirt by Mail silenci[ado]oso há tempo demais.
Um dia aprendi que quando os olhos se abrem é para sempre. Que uma vez visitado o deserto passamos a transportá-lo connosco sob a pele. Mesmo este mundo, que não era o que os meus olhos queriam ver, agora acomoda-se à forma aberta do meu olhar. Aprendi que o buraco que tenho no peito não decresce, não diminui, não fecha, não substitui. Está presente, por vezes adormecido, por vezes silenciado, por vezes morno como a pele debaixo das camisolas de lã, outras tantas grita, lateja, ferve na sua polpa de ferida aberta. Prova-o esta minha existência constante de soluços cardíacos. Um dia, como tu, entristeci demais, e não há regresso ao antes disso. Trago sombras nos olhos, umas vezes nota-se outras não. Ainda temo o apagar da luz, não gosto de acordar cedo, não gosto de ser chamada às tarefas mundanas. Escrevo, sabendo que nenhuma palavra alcança o mundo. Sonho, sabendo que a matéria dos meus sonhos não se compara ao contorno vivo de uma ausência.
Em muitos lugares e com muito empenho no 100nada uma generosa iniciativa.
esta não sou eu. é isto tantas vezes.
Neste café não é permitido
Não há nada para dizer. Salvo que, sem a literatura a vida não tem sentido.
O magazine littéraire de outubro inclui um dossier sobre Maurice Blanchot : L'énigme Blanchot, com inéditos de Lacan e do próprio Blanchot e textos de Jacques Derrida, Michael Levinas, Jean-Luc Nancy e outros.