Os hugos escreviam calmamente um blog quase anónimo. Um dia descobriram a
Assumida e a Mente e um
beijo apaixonado (claro que não eram elas,
podia ser do Van Gogh- mas pela Mente perturbada do Vincent nunca perpassou aquela cena,
ou do Julião Sarmento- esse já não digo nada). Claro que não eram elas. Escolheram aquele ícone para o seu blog como nós o Sagrado Coração, ou o
umblogsobrekleist a cara da Rita Ferro. Não são elas- fossem-no e seria outra a bomba inteligente. Mas os hugos escreveram sobre a sexualidade, e saltaram para o top das visitas e para o ranking dos mais incompreendidos. Nós estamos a festejar (?) o quarto mês de escrita e, a pedido do hugo, postámos duas coisas inocentes sobre a homosexualidade. Zás: record de
comments, mesmo tendo em conta a gaguez (não cliquem mais do que uma vez em
comments, por favor. Aguardem pacientemente, que o ennetation é lento), e o fenómeno querida-Zazie. Como diz a São e escreveu muito bem o Jules Romains, é o sexo que divide.
Mas aconteceram coisas interessantes no que à primeira (e segunda vez) me pareceu vulgaridade.
O primeiro comentário foi da Isabel dos
Aba, que foi minha psicóloga na Penitenciária (e achava que eu merecia aquela prisão). A Isabel estranhou eu poder conhecer a emoção homoerótica. O que eu quis dizer com o meu post é que reduzir a condição homosexual a uma orientação- que se escolhe no cardápio das
orientações, é redutor. Que me parece ser a homosexualidade uma
condição, uma forma de existência, que, entre outras coisas por ser minoritária, tende a ser vivida nos elevados níveis energéticos da paixão. A Isabel, com o seu
HHHuuumm??! queria dizer também que
felizmente era hetero, e eu só posso congratular-me com a sua felicidade e pensar, com um pouco de angústia, nos que, pelos vistos infelizmente, o não são.
Depois a Zazie levantou questões importantes: sobre os bígamos, os poligínicos, as poliândricas, os desorientados sexuais, os desinteressados sexuais, os separados sexuais e o IRS. Por terem sido levantados no espaço menor dos comentários, pelo estilo esvoaçante da Zazie, não foram aprofundados. Mas não são questões menores. Tenho muita pena de não ter ainda descoberto aqui evolucionistas modernos, antropologistas, primatologistas a escrever sobre a sexualidade e aproveito para fazer publicidade de livros tão fundamentais como
The Anatomy of Desire ou, de Geoffrey Miller,
The Mating Mind, a tua mente, lecteur hypocrite.
Finalmente, o hugo, que é claramente uma pessoa bem educada, espantou-se de um casal gay lhe chamar grosseirão e, logo a seguir, citar entusiasmado o meu pipi. Também aqui, nO Mal, foi uma aparente alarvidade do Zé Nabo quem animou o casal gay (admito que o Zé Nabo não seja alarve e eu não tenha percebido a subtileza). É um pouco triste mas isso nada muda. Haverá sempre homosexuais delicados e trogloditas, inteligentes e menos inteligentes, cultos e barroseiros. Era mais ou menos assim que começava o Discurso do Método.